PF indica suposta Influência de Antônio Doido no alto escalão do governo Helder, revela reportagem

Mensagens mostram que coronel da PM atuava a mando de Antônio Doido para comandar promoções, transferências punitivas e usar policiais para trabalho eleitoral, segundo a PF. Foto: Zeca Ribeiro / Câmara dos Deputados

Brasília/ Belém – A investigação da Polícia Federal (PF) contra o deputado federal Antônio Doido (MDB-PA), expôs um suposto esquema de influência do deputado sobre o comando geral da Polícia Militar e Secretários do Pará. Segundo documentos e mensagens de WhatsApp obtidas pela PF, e reveladas pelo jornal Folha de S. Paulo, um coronel da corporação atuava como “operador” do parlamentar dentro da PM, intermediando pedidos de nomeações, transferências de policiais adversários e até o uso de tropa para trabalho político-eleitoral.

O coronel Francisco de Assis Galhardo, preso e depois liberado pela Justiça, agia em nome do deputado Doido e tratava diretamente com o comandante-geral da PM, José Dilson Melo Júnior, conforme as transcrições das conversas. A PF avalia que havia “complacência” do alto comando com as solicitações, que tinham finalidades “avessas ao interesse público”.

As mensagens detalham um nível de intimidade e influência que surpreendeu os investigadores. Os diálogos mostram Galhardo interferindo na carreira de militares estaduais a pedido de Doido. Em um caso, tratava da punição de um policial que fazia “bicos” para uma vereadora adversária. Em outro, pedia a alocação de PMs para “trabalho político-eleitoral” a serviço do deputado.

Sobre uma nomeação no interior, o próprio comandante-geral orienta: “Ele já combinou com o prefeito? Se não tiver combinado, melhor falar com o 01“.

Além da influência na PM, a investigação da PF revela que a rede do deputado Antônio Doido possuía trânsito em secretarias estratégicas do Governo do Pará. As investigações apontam supostas ligações com dois secretários estaduais, o Secretário de Obras Públicas, Benedito Ruy Cabral, e o Secretário de Administração Penitenciária, Marco Antonio Sirotheau.

A investigação também revelou que o grupo suspeito levou R$ 180 mil em espécie para reuniões na Assembleia Legislativa do Pará (Alepa) em 2024, com a provável presença do deputado Doido, segundo as investigações. O dinheiro teria sido sacado de uma casa lotérica pelo coronel Galhardo.

Nota Oficial e Foro Privilegiado

Em nota à Folha de S. Paulo, o Governo do Pará, por meio da assessoria da PM, afirmou que “movimentações de efetivo seguem critérios de recomposição, aposentadorias ou afastamentos por problemas de saúde” e que “o coronel Galhardo foi preso e responde em liberdade a processo judicial“.

O Governo do Pará afirmou que o secretário Benedito Ruy Cabral não mantém qualquer relação com o coronel da PM e que não houve nenhum encontro “com interesse escuso“. “O secretário atende a diversos setores da administração pública, bem como a todo e qualquer cidadão que o procura, sempre de forma estritamente institucional.”

A reportagem não localizou a defesa do coronel Galhardo. O deputado Antônio Doido e seu advogado não responderam aos questionamentos enviados.

Em razão do foro privilegiado do parlamentar, um inquérito para investigar a organização criminosa foi aberto no Supremo Tribunal Federal (STF). As investigações começaram a partir de um esquema de lavagem de dinheiro envolvendo saques de R$ 48,8 milhões de uma empreiteira da família de Doido, que tinha contratos milionários com o estado, mas a PF descobriu que o poder de fogo do grupo ia muito além do financeiro, alcançando o coração da segurança pública do estado.

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