Ex-presidente cumpre prisão domiciliar, é monitorado por tornozeleira eletrônica e enfrenta julgamento no STF pela trama golpista
Por Sandra Venancio – Foto Tania Rego/Agencia Brasil
O ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) vive um momento de isolamento forçado. Alvo de ações no Supremo Tribunal Federal (STF), às vésperas de ser julgado pelo envolvimento na trama golpista, e com restrições que limitam suas articulações políticas, o ex-mandatário enfrenta dificuldades para se manter no centro do tabuleiro. Enquanto isso, o Centrão acelera articulações em busca de um nome competitivo para a disputa presidencial de 2026.
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Na terça-feira (26), o ministro Alexandre de Moraes, do STF, determinou o reforço no policiamento ao redor da residência de Bolsonaro, no condomínio Solar de Brasília. A medida atendeu a pedido da Procuradoria-Geral da República (PGR), formulado a partir de representação do deputado Lindbergh Farias (PT-RJ), que apontou risco de fuga do ex-presidente. Bolsonaro cumpre prisão domiciliar desde 4 de agosto e é monitorado por tornozeleira eletrônica.
Ainda na terça, a Polícia Federal (PF) pediu a Moraes autorização para manter vigilância policial 24 horas dentro da casa do ex-presidente. O ministro ainda não decidiu sobre o pleito.
A semana também trouxe mais pressões sobre Bolsonaro. A PF solicitou o indiciamento dele e do deputado Eduardo Bolsonaro (PL-SP) por tentativa de coação e obstrução das investigações. Entre documentos anexados, consta até uma minuta de pedido de asilo encaminhado ao presidente da Argentina, Javier Milei.
Cerco judicial a Jair Bolsonaro
O cerco ao ex-presidente se intensificou desde novembro de 2024, quando a PF o indiciou por tentativa de golpe de Estado e abolição violenta do Estado Democrático de Direito.
Em fevereiro de 2025, a Procuradoria-Geral da República apresentou denúncia ao STF contra Bolsonaro por tentativa de golpe, organização criminosa, deterioração de patrimônio tombado e outros crimes. A Primeira Turma da Corte recebeu a denúncia em março, tornando o ex-presidente réu junto a outros sete acusados.
No mês de julho, Moraes determinou medidas cautelares adicionais contra Bolsonaro em outro processo, no qual a PF identificou atuação dele e de Eduardo junto a autoridades norte-americanas contra agentes públicos brasileiros. Pouco depois, em agosto, o ministro decretou sua prisão domiciliar por descumprimento das restrições impostas, após a divulgação de declarações políticas em redes sociais.
Além do risco de condenações criminais, Bolsonaro já foi declarado inelegível pelo Tribunal Superior Eleitoral (TSE) em duas ações distintas, incluindo abuso de poder político e uso indevido dos meios de comunicação. A inelegibilidade abriu caminho para discussões internas sobre seu sucessor político. Parte da família defende a candidatura de um dos filhos ou até da ex-primeira-dama Michelle Bolsonaro, mas a ideia enfrenta resistência de caciques da direita, que olham para alternativas no Centrão.