Fake news sobre Pix facilitaram lavagem de bilhões pelo crime organizado, alerta Receita Federal

Desinformação espalhada por políticos e Nikolas Ferreira atrasou fiscalização de fintechs e abriu brechas exploradas por facções criminosas

Por Sandra Venancio –  Foto Pablo Valadares/Câmara dos Deputados

O crime organizado aproveitou fake news sobre o Pix para movimentar e lavar dinheiro bilionário, segundo alertou a Receita Federal nesta quinta-feira (28). As operações Carbono Oculto, Quasar e Tank revelaram como facções criminosas exploraram brechas no sistema financeiro digital enquanto a regulamentação era paralisada por uma onda de desinformação.

>> Siga o canal do Jornal Local no WhatsApp

“O crime organizado sabe disso e aproveita essa brecha para movimentar, ocultar e lavar seu dinheiro sujo”, declarou a Receita.

Politização do Pix

Em setembro de 2024, uma instrução normativa determinou que fintechs deveriam prestar informações iguais às exigidas de bancos, mas a medida nunca entrou em vigor. Fake news afirmavam falsamente que o Pix seria taxado, causando pânico e paralisando a implementação da norma. Entre os propagadores dessa narrativa, a Receita citou o deputado Nikolas Ferreira (PL-MG), que ajudou a disseminar versões distorcidas sobre a regra.

Nova norma para fechar brechas

O governo agora prepara uma regulamentação enxuta, com vigência imediata, que:

  • Torna o combate ao crime organizado o objetivo central;
  • Obriga fintechs a cumprir as mesmas regras de transparência que os bancos, incluindo a e-Financeira;
  • Baseia-se estritamente na Lei do Sistema de Pagamentos Brasileiro (Lei 12.865/2013);
  • Fecha definitivamente lacunas que facilitavam operações ilícitas bilionárias.

Apelo contra a desinformação

A Receita fez um apelo direto à imprensa:

“Contamos com a imprensa profissional para informar o público e proteger a população de pessoas sem escrúpulos e sem compromisso com a verdade.”

Bilionários explorando brechas digitais

Especialistas alertam que as fintechs se tornaram ferramentas de lavagem de dinheiro, justamente por não terem sido inicialmente obrigadas a prestar informações detalhadas sobre transações. Com a nova regulamentação, será possível monitorar em tempo real as movimentações suspeitas, dificultando que facções criminosas continuem explorando sistemas digitais para movimentar bilhões sem rastros.

A Receita espera que a medida também sirva como filtro contra fake news, impedindo que desinformação paralise políticas de combate ao crime e exponha a população e o sistema financeiro a riscos graves.