Segundo portal ICL Notícias, ex-ministro e senador teria recebido propina de líderes da facção criminosa em operação ligada à Faria Lima; Ciro nega envolvimento
Por Sandra Venancio – Jornal Local – Foto: Isac Nóbrega/PR
O senador Ciro Nogueira (PP-PI), ex-ministro da Casa Civil de Jair Bolsonaro (PL), foi apontado como destinatário de uma sacola com dinheiro enviada por supostos líderes da facção criminosa Primeiro Comando da Capital (PCC), segundo reportagem exclusiva do portal ICL Notícias publicada na noite de domingo (31). A denúncia surge no contexto do escândalo envolvendo a Faria Lima, revelado pela Operação Carbono Oculto, a maior da história da Polícia Federal.
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De acordo com a reportagem assinada pelos jornalistas Leandro Demori e Cesar Calejon, a sacola teria sido entregue por Mohamad Hussein Mourad, o “Primo”, e Roberto Augusto Leme da Silva, o “Beto Louco”, considerados pivôs do esquema investigado. Uma testemunha relatou à PF que o objeto, descrito como uma sacola de papelão grampeada, de tamanho compatível com cédulas, tinha como destino Ciro Nogueira.
Segundo o portal, o episódio ocorreu em agosto de 2024, e a propina estaria relacionada à defesa de interesses dos suspeitos junto à ANP (Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis), bem como a projetos de lei em tramitação no Senado.
O senador, que também preside o PP e é cotado como possível vice na chapa de Tarcísio Gomes de Freitas (Republicanos) para 2026, negou qualquer envolvimento. Em ofício direcionado ao ministro da Justiça, Ricardo Lewandowski, ele classificou o portal como “site de pistoleiros” e informou que disponibilizará seus sigilos à Justiça, incluindo registros de entrada e saída de seu gabinete no período citado.
A reportagem do ICL Notícias reforça que a investigação faz parte de um esforço conjunto da PF para desmantelar operações financeiras suspeitas ligadas ao PCC, com foco em lavagem de dinheiro, propina e articulação política de interesse da facção.
Contexto da Operação Carbono Oculto e Faria Lima:
A Operação Carbono Oculto investiga um esquema de movimentação milionária em fintechs situadas na Avenida Faria Lima, envolvendo supostos líderes do PCC e empresários do setor financeiro. A PF apurou que bilhões de reais teriam sido movimentados ao longo de cinco anos, com dinheiro originário de crimes como tráfico internacional de drogas, homicídios e latrocínios. A operação resultou em prisões, bloqueios de contas e coleta de provas que buscam mapear a rede de lavagem e o elo entre o crime organizado e agentes políticos ou econômicos.