Único que não pode perder a eleição é Bolsonaro, diz Ciro Nogueira

O presidente nacional do PP (Progressistas), o senador Ciro Nogueira (PI), afirmou, em entrevista ao jornal Valor Econômico, que Jair Bolsonaro (PL) deverá evitar criar divisões dentro da direita ao apoiar um nome para concorrer às eleições presidenciais de 2026.

O único que não pode perder a eleição do ano que vem é Jair Bolsonaro, por causa da situação dele. Ele tem de escolher alguém que possa ganhar”, disse o senador na entrevista publicada nesta 2ª feira (1º.set.2025).

Questionado sobre uma candidatura sua a vice em uma eventual chapa presidencial com o governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas (Republicanos), Nogueira respondeu que “não existe candidato a vice”. “Vice é uma definição que tem de ser tomada depois da escolha do candidato, considerando conveniências de ordem política e eleitoral”, disse ao Valor.

Para o senador, Tarcísio seria favorito contra o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), que, segundo ele, poderia até desistir de tentar a reeleição caso o nome da direita fosse o governador paulista.

Na 2ª feira passada (25.ago), Tarcísio participou de um painel durante um evento empresarial na capital paulista. Durante o painel, Nogueira, que era mediador, fez uma pergunta que levou o governador paulista a adaptar o “50 anos em 5” de Juscelino Kubitschek para sugerir um lema para um próximo governo federal: “Sei que a gente precisa fazer pelo menos 40 anos em 4. Isso está muito claro”.

Nogueira afirmou na entrevista ao Valor que Lula teve uma postura estratégica ao dizer, durante reunião ministerial realizada na última 3ª feira (26.ago), que Tarcísio é um possível adversário em 2026, com ele na vice.

Ele [Lula] quer colocar holofotes sobre Tarcísio e sobre mim para nos queimar, porque sabe da reação que a precipitação sobre a questão de nome provoca na oposição. […] Fixar Tarcísio como candidato agora leva setores da direita a bater em Tarcísio”, disse.

O movimento do petista, segundo avaliação de Nogueira, deve-se ao aumento da rejeição a Bolsonaro após o anúncio do presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, das sanções ao Brasil. Como justificativa, Trump citou o que chama de “caça às bruxas” contra Bolsonaro no STF (Supremo Tribunal Federal), onde é julgado por tentativa de golpe de Estado.

Desde então, o governo federal vem adotando um discurso de defesa da soberania nacional, enquanto Eduardo Bolsonaro (PL-SP), filho do ex-presidente, trabalha abertamente nos EUA por punições ao governo e a autoridades brasileiras.

Nogueira disse não concordar com as posições de Eduardo, mas disse que as compreende. Na opinião do senador, o filho de Bolsonaro “caiu em uma armadilha de Lula”.

Sobre o desembarque de seu partido do governo federal, Nogueira disse que André Fufuca (PP-MA), ministro do Esporte, deverá ser pressionado a deixar o cargo. “Por mim, ele jamais teria ido ao ministério. Já está passando do momento de tomarmos uma decisão. Na próxima semana, eu vou começar a debater isso no partido”, declarou.