Modelo da Alpha School chama atenção por combinar tecnologia, alto custo e proposta pedagógica inovadora; especialistas levantam críticas ao formato.
Uma escola privada nos Estados Unidos está chamando atenção pela forma como organiza o ensino. A Alpha School adota inteligência artificial para substituir professores tradicionais e garante que os alunos tenham apenas duas horas de aulas focadas por dia.
As mensalidades começam em US$ 40 mil por ano, o que equivale a aproximadamente R$ 217,3 mil, ou cerca de R$ 18 mil por mês, considerando a cotação de 30 de agosto de 2025, segundo o Banco Central do Brasil (R$ 5,43 por dólar).
Como funciona o ensino baseado em IA
Na Alpha School, as disciplinas fundamentais, como matemática, ciências e leitura, são concentradas em um período de duas horas pela manhã. A instituição afirma que os programas digitais identificam dificuldades específicas de cada aluno e ajustam o conteúdo para acelerar a aprendizagem.
Após esse período, o restante do dia é dedicado a oficinas práticas e atividades de socialização, como debates de oratória, projetos coletivos e aulas de finanças pessoais. Segundo o material divulgado pela escola, esse modelo busca equilibrar tecnologia e interação humana.
O papel dos “guias de aprendizagem”
No lugar de professores, a escola contrata profissionais chamados de “guias de aprendizagem”. A principal função desses guias é oferecer suporte motivacional e acompanhar os relatórios de desempenho gerados pela inteligência artificial.
De acordo com o site da instituição, os guias têm formação em áreas como tecnologia e startups, mas não há exigência de licenciatura ou graduação específica em disciplinas escolares. Além disso, eles também coordenam workshops e atividades voltadas para habilidades de vida.
Estrutura de níveis em vez de séries escolares
A Alpha School atende estudantes da pré-escola até o ensino médio. O avanço escolar não é definido pela idade, mas pelo domínio de competências específicas. Cada aluno progride conforme sua performance nos módulos avaliados pelo sistema de IA.
Esse modelo rompe com o sistema tradicional de séries e anos escolares, que geralmente leva em conta a idade cronológica.
Admissão e custos da escola
Para se candidatar, as famílias precisam preencher um formulário e pagar uma taxa de US$ 100 (cerca de R$ 543). O processo inclui a participação em uma apresentação sobre a escola e um “Shadow Day”, quando o estudante vivencia um dia de atividades com a inteligência artificial e as oficinas.
Se aprovado, o candidato deve pagar um depósito de US$ 1.000 (R$ 5,43 mil) para confirmar a matrícula. O valor é descontado da anuidade, que soma US$ 40 mil (R$ 217,3 mil). Essa quantia inclui todas as despesas com material didático, viagens escolares e eventos.
Expansão para novas cidades
A instituição já possui unidades em estados como Texas, Flórida, Arizona e Califórnia e anunciou planos de abertura em Nova York ainda em 2025. A estratégia de expansão acompanha a alta demanda de famílias interessadas em um modelo de ensino personalizado.
Críticas ao modelo
Apesar do crescimento, a Alpha School enfrenta questionamentos de educadores e especialistas em pedagogia nos Estados Unidos. Entre as principais críticas estão:
- a carga horária reduzida para disciplinas fundamentais, limitada a 2 horas por dia;
- o uso intenso de telas por crianças e adolescentes;
- a formação dos guias, que não seguem padrões de licenciatura exigidos em escolas tradicionais;
- a dependência de recompensas digitais como estímulo para a aprendizagem;
- o risco de prejuízos no desenvolvimento de habilidades sociais e cognitivas;
- a ausência de debates sobre diversidade e inclusão no currículo.
Em alguns estados, como a Pensilvânia, projetos semelhantes foram barrados por não atenderem às normas educacionais locais.
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