Imprensa mundial repercute julgamento de Bolsonaro por golpe de Estado no STF

Veículos como New York Times, The Guardian, Washington Post, Economist e BBC destacaram a gravidade do processo e traçaram paralelos com Trump e o autoritarismo global

Autoria:
Sandra Venancio – Jornal Local – Foto Antonio Cruz/Agencia Brasil

O julgamento do ex-presidente Jair Bolsonaro por tentativa de golpe de Estado, iniciado nesta terça-feira (2) no Supremo Tribunal Federal (STF), ganhou destaque em diversos veículos da imprensa internacional. Jornais e revistas de grande circulação classificaram o episódio como histórico, traçaram paralelos com Donald Trump e reforçaram as evidências apresentadas contra Bolsonaro e seus aliados.

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Bolsonaro, em prisão domiciliar, é julgado ao lado de outros sete réus apontados como principais articuladores da conspiração golpista após a derrota nas eleições de 2022. O julgamento deve se estender até 12 de setembro e, segundo analistas, há expectativa de condenação do ex-presidente.

O New York Times descreveu o plano golpista como “sinistro”, afirmando que o jornal revisou dezenas de horas de depoimentos e centenas de documentos para reconstruir a trama, que incluía desacreditar as urnas, promover assassinatos de líderes políticos como Lula, Geraldo Alckmin e Alexandre de Moraes, e contar com a invasão de apoiadores às sedes dos três poderes em Brasília. A publicação também destacou que o Brasil está fazendo o que os EUA não conseguiram: julgar um ex-presidente por tentar se manter no poder após perder uma eleição.

O The Guardian entrevistou o trompetista Fabiano Leitão, que viralizou ao tocar uma marcha fúnebre e o hino antifascista Bella Ciao após Bolsonaro se tornar réu. Leitão afirmou estar “fazendo o velório político” do ex-presidente e prometeu tocar novamente diante do STF. Segundo o jornal britânico, milhões de brasileiros progressistas aguardam simbolicamente a condenação de Bolsonaro com “champanhe no gelo”.

O Washington Post ressaltou que, com o julgamento, o Brasil enfrenta tanto seu passado autoritário quanto a pressão de Donald Trump, que teria ameaçado o país com retaliações econômicas e diplomáticas. Para o jornal, trata-se de uma “reviravolta significativa”, pois historicamente o Brasil optou pela conciliação em vez de responsabilizar crimes contra a democracia.

Já a Economist reforçou a imagem de Bolsonaro como o “Trump dos trópicos”, enquanto a BBC observou que o julgamento entrou em fase decisiva e que o ex-presidente dos EUA “abraçou” a causa de Bolsonaro.

A imprensa internacional destacou que o julgamento será acompanhado de perto em todo o mundo, podendo abrir um novo precedente de responsabilização política na América Latina.

Detalhes adicionais:
A cobertura internacional evidencia a dimensão global do julgamento de Bolsonaro, visto não apenas como um processo jurídico, mas como um teste à resiliência democrática brasileira. O New York Times detalhou a cronologia dos nove semanas entre a derrota eleitoral e o 8 de janeiro, enfatizando que o plano arquitetado tinha inspiração direta nas estratégias de Trump. O Washington Post destacou que a decisão do STF pode redefinir os padrões de combate ao autoritarismo no Brasil. Já o The Guardian humanizou a narrativa ao dar voz a personagens simbólicos, como o trompetista Fabiano Leitão, transformando o julgamento em um ato de catarse coletiva.