Lula diz que STF não deve temer pressão dos EUA e que justiça será feita no julgamento de Bolsonaro

Presidente fala em justiça histórica, cita presunção de inocência e critica ingerência dos EUA durante julgamento que pode marcar futuro político de Bolsonaro

Por Sandra Venancio – Jornal Local

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva elevou o tom ao comentar, nesta terça-feira (02), o julgamento do ex-presidente Jair Bolsonaro e outros sete réus no Supremo Tribunal Federal (STF). Acusado pelo procurador-geral da República, Paulo Gonet, de liderar uma tentativa de golpe de Estado para se manter no poder após a derrota de 2022, Bolsonaro enfrenta um processo que, segundo Lula, “traz à tona o período nefasto da história brasileira”.

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Após participar do velório do jornalista Mino Carta, em São Paulo, Lula afirmou esperar que a Suprema Corte “faça justiça com base nos autos, nas delações e nas provas”, mas reforçou o direito à presunção de inocência. “Se é inocente, prove que é inocente. Eu não pude me defender e não fiquei chorando. Fui à luta”, comparou, em referência às condenações que o tiraram das eleições de 2018.

Crítica a Trump e recado aos EUA

Além de Bolsonaro, Lula direcionou críticas ao ex-presidente norte-americano Donald Trump, acusado de tentar interferir no processo brasileiro. “O que está acontecendo com os Estados Unidos é inacreditável. Um governo querer se meter a julgar a Justiça de outro país é algo que exacerba qualquer precedente histórico”, afirmou.

Ainda assim, Lula abriu espaço para negociação diplomática, recuperando sua imagem de conciliador: “Eu não tenho nenhum interesse de brigar com os Estados Unidos. Quero que essa amizade de 201 anos dure outros 201. Se houver disposição, o ‘Lulinha Paz e Amor’ está de volta”.

Memória e simbolismo

Ao mencionar Mino Carta, jornalista histórico falecido esta semana, Lula disse que o fundador da CartaCapital certamente escreveria “a mais bela história do que aconteceu nos últimos anos no Brasil”. O comentário foi recebido como uma forma de reforçar o caráter histórico do julgamento de Bolsonaro.

O que está em jogo no STF

  • Cenário internacional: O caso desperta atenção no exterior, com repercussões em Washington e na União Europeia.
  • Réus no banco: Jair Bolsonaro e outros sete aliados são acusados de articular tentativa de golpe após as eleições de 2022.
  • Acusação: Liderança de organização criminosa e ataques às instituições.
  • Provas apresentadas: Delatores, mensagens interceptadas, atas de reuniões, vídeos e discursos públicos.
  • Expectativa política: Caso a condenação seja confirmada, Bolsonaro poderá enfrentar inelegibilidade prolongada e perda de influência na extrema-direita.