A presidente da Petrobras, Magda Chambriard, afirmou na 3ª feira (2.set.2025) que, quando o assunto são as energias renováveis, a companhia divide suas estratégias sobre o futuro em ao menos duas fases: uma até 2035 e outra depois de 2035.
Na etapa até 2035, a prioridade serão os biocombustíveis: o etanol, o diesel coprocessado, o biogás e o biodiesel. Já a partir de 2035, a empresa se voltará à produção de energia solar, eólica e hidrogênio.
“Nós estamos dividindo esse futuro até 2050: a próxima década e o que vem depois desta década. Até 2035, moléculas [biocombustíveis], com certeza, serão nossa prioridade. A partir de 2035, aí tem um conjunto de energias”, afirmou em entrevista à Bloomberg.
“Acreditamos que a [energia] solar, eólica, e o hidrogênio também serão mais importantes para nós a partir de 2035”, disse.
Segundo Magda, a expectativa da Petrobras é investir US$ 16,5 bilhões em energias renováveis para que a transição energética caminhe em paralelo à produção de combustíveis fósseis.
“Vamos ter uma refinaria no Rio Grande do Sul, com cerca de 15.000 barris por dia de capacidade, e lá nós vamos trabalhar com produto 100% renovável. Todos os produtos dessa refinaria não terão uma molécula fóssil”, declarou, acrescentando que o Brasil possui 52% de sua matriz energética limpa e que a meta é alcançar os 64%.
Durante a entrevista, Magda falou sobre a patente da Petrobras de diesel coprocessado, combustível que tem de 5% a 10% de óleo vegetal em sua estrutura.
Para a presidente da Petrobras, a produção de diesel coprocessado pode ser o destino de eventuais excedentes na produção de grãos, diante da crise comercial aberta com o tarifaço imposto pelos Estados Unidos. “A impossibilidade de exportar alguns grãos pode ser que isso venha a acelerar nossa transição energética”, disse.
“A gente pode chegar a 20% [de óleo vegetal na estrutura do diesel coprocessado] a depender do nosso investimento nacional. Mas o fato é que, se sobrar grãos no país, esses grãos irão para o diesel coprocessado”, afirmou.
Questionada sobre a produção de carros elétricos, Magda afirmou acreditar que no Brasil há mais espaço para modelos híbridos do que para veículos 100% elétricos. Isso porque a eletrificação a 100% costuma atender melhor aos veículos leves do que aos pesados.
“Apesar de eu adorar combustíveis fósseis, nós não somos negacionistas. Eu acredito que vamos ter uma demanda por híbridos no Brasil e eu acho que isso vai postergar essa eletrificação 100%”, declarou. “Quando a gente olha para frente, a gente diz: ‘acredito que essa demanda por [combustível] fóssil ainda vai durar por algumas décadas’”, disse.