UE apresenta acordo de livre comércio com Mercosul; França e ambientalistas criticam

Proposta será votada pelo Parlamento Europeu e governos da UE; acordo visa reduzir dependência da China e compensar tarifas de Trump

Por Sandra Venancio – Jornal Local – Foto Ricardo Stuckert/PR

A Comissão Europeia apresentou formalmente nesta quarta-feira (3) o acordo de livre comércio entre a União Europeia (UE) e o Mercosul, bloco formado por Argentina, Brasil, Paraguai e Uruguai, para aprovação pelo Parlamento Europeu e pelos estados-membros da UE. O acordo, negociado por cerca de 25 anos, é considerado o maior já firmado em termos de reduções tarifárias pela União Europeia.

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O objetivo declarado é compensar a perda de comércio devido às tarifas impostas pelo ex-presidente dos EUA, Donald Trump, e reduzir a dependência da China em relação a minerais essenciais, como o lítio metálico, usado em baterias e crucial para a transição energética europeia.

Processo de aprovação e críticas

Para entrar em vigor, o acordo precisa ser aprovado pelo Parlamento Europeu e por uma maioria qualificada entre os governos da UE — ou seja, pelo menos 15 dos 27 membros que representem 65% da população da União. Não há garantia de aprovação, e o caminho legislativo enfrenta resistência significativa.

A França, principal crítica ao acordo e maior produtora de carne bovina da UE, classificou o pacto como “inaceitável”, argumentando que ele abriria espaço para importações baratas de carne sul-americana, supostamente fora dos padrões sanitários e ambientais europeus. Grupos ambientalistas, como a organização Friends of the Earth, também se posicionaram contra, chamando o acordo de “destruidor do clima”.

No Parlamento, os partidos verdes e a extrema-direita europeia devem exercer pressão contra a aprovação, enquanto países como Polônia e Itália podem se alinhar à França para dificultar a obtenção da maioria necessária.

Benefícios apontados pelos defensores

Os países e grupos favoráveis ao acordo, como Alemanha e Espanha, argumentam que o Mercosul representa um mercado crescente para carros, máquinas e produtos químicos europeus, além de ser uma fonte confiável de minerais essenciais.

No setor agrícola, o acordo proporcionaria maior acesso e tarifas reduzidas para produtos europeus como queijos, presuntos e vinhos, ampliando o comércio bilateral e incentivando exportações do bloco europeu.

Controvérsias e impactos

Países-chave na oposição: França, possivelmente Polônia e Itália.

Maior acordo de livre comércio da UE em termos de redução tarifária.

Benefícios esperados: acesso a minerais estratégicos e aumento das exportações agrícolas e industriais da UE.

Críticas: risco ambiental, concorrência desleal para produtores europeus, pressão de partidos verdes e extrema-direita.

Aprovação necessária: votação no Parlamento Europeu e maioria qualificada entre governos (15 de 27 membros representando 65% da população).