Banco Central rejeita aquisição considerada estratégica pelo Banco de Brasília; Master enfrenta desconfiança no mercado e dívidas bilionárias
Sandra Venancio – Foto José Cruz/Agencia Brasil
O Banco Central (BC) decidiu vetar a compra do Banco Master pelo Banco de Brasília (BRB), operação avaliada em R$ 2 bilhões e que vinha sendo analisada desde março deste ano. A decisão foi comunicada na noite desta quarta-feira (3) em fato relevante enviado pelo BRB aos investidores.
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O negócio previa a aquisição de 49% das ações ordinárias e 100% das preferenciais do Master, mas dependia do aval do regulador para avançar. O BRB informou que solicitou acesso à íntegra da decisão para avaliar os fundamentos do indeferimento e estudar possíveis alternativas.
A operação contava com respaldo político. Há pouco mais de dez dias, o governador do Distrito Federal, Ibaneis Rocha, sancionou lei distrital autorizando a compra, após exigência judicial. A expectativa do governo era de que a transação ampliasse a presença do BRB no mercado e fortalecesse a atuação no sistema financeiro nacional. Desde o anúncio, há seis meses, as ações do banco público valorizaram 23% na B3.
Apesar do interesse estratégico, a negociação foi alvo de críticas. O Banco Master adota política considerada agressiva para captar recursos, oferecendo até 140% do CDI em seus papéis — acima da média de 110% a 120% para bancos de porte semelhante. Além disso, não publicou o balanço de dezembro de 2024, tentou sem sucesso emitir títulos em dólar e levanta dúvidas do mercado por operações envolvendo precatórios.
A situação financeira da instituição se agravou a ponto de o BTG Pactual propor assumir o controle do Master por apenas R$ 1, cobrindo o passivo com recursos do Fundo Garantidor de Crédito (FGC). A falta de consenso entre os bancos que aportam no fundo inviabilizou o negócio.
Com o veto do Banco Central, o futuro do Master segue incerto, enquanto o BRB terá de buscar outras estratégias para sustentar sua expansão no mercado financeiro.