Com tarifaço de Trump em vigor, vendas para EUA caem 18,5%, mas mercado chinês sustenta superávit histórico
Por Sandra Venancio – Jornal Local – Foto Vosmar Rosa/MPOR
O comércio exterior brasileiro registrou em agosto um dos seus melhores desempenhos da série histórica, impulsionado principalmente pela China. As exportações brasileiras somaram US$ 227,6 bilhões de janeiro a agosto de 2025, o maior valor já registrado para o período, segundo dados da Secretaria de Comércio Exterior do Ministério do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços (Secex/MDIC), divulgados nesta quinta-feira (4).
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Apenas em agosto, quando passaram a valer as novas tarifas impostas pelo governo de Donald Trump, a China aumentou em 29,9% suas compras de produtos brasileiros. O país asiático, junto de Hong Kong e Macau, importou US$ 9,6 bilhões, enquanto exportou US$ 5,54 bilhões, resultando em um superávit de US$ 4,06 bilhões para o Brasil.
Já as vendas para os Estados Unidos foram fortemente impactadas pelas medidas protecionistas. As exportações caíram 18,5% no mês e fecharam em US$ 2,76 bilhões.
Recorde na balança
No acumulado até agosto, as exportações cresceram 0,5% em relação ao mesmo período de 2024, enquanto as importações avançaram 6,9%, chegando a US$ 184,8 bilhões. Assim, a corrente de comércio atingiu US$ 412,4 bilhões, também recorde histórico para o período.
No recorte mensal, as exportações somaram US$ 29,9 bilhões em agosto, alta de 3,9% sobre agosto de 2024. As importações recuaram 2%, para US$ 23,7 bilhões, garantindo saldo positivo de US$ 6,1 bilhões e corrente de comércio de US$ 53,6 bilhões.
Exportações por setor
- Agropecuária: +8,3% (US$ 0,51 bi) em agosto; +0,4% (US$ 0,23 bi) no acumulado.
- Indústria Extrativa: +11,3% (US$ 0,74 bi) em agosto; queda de -7,2% (US$ 4,01 bi) no acumulado.
- Indústria de Transformação: queda de -0,9% (US$ 0,14 bi) em agosto; crescimento de +4,0% (US$ 4,69 bi) no acumulado.
Importações por setor
- Agropecuária: +0,4% (US$ 1,7 mi) em agosto; +9,2% (US$ 0,35 bi) no acumulado.
- Indústria Extrativa: +26,5% (US$ 0,37 bi) em agosto; queda de -21,6% (US$ 2,42 bi) no acumulado.
- Indústria de Transformação: queda de -3,8% (US$ 0,85 bi) em agosto; alta de +8,9% (US$ 13,92 bi) no acumulado.
Contexto internacional
Os dados revelam que, enquanto o Brasil encontra na China um parceiro cada vez mais sólido para escoar sua produção, enfrenta dificuldades crescentes no mercado norte-americano em razão das barreiras comerciais impostas por Washington. O cenário pressiona o país a buscar diversificação de destinos e reforça o peso estratégico do mercado asiático para o agronegócio e a indústria nacional.