Entre a agonia e a vergonha, o Paysandu

Não é o pior, mas um dos piores dos últimos anos. Um vexame de quem se apaixonou e abraça com sofreguidão o fantasma do rebaixamento. Até que começou a partida bem, trabalhou a bola e achou o seu gol, mas depois disso sumiu em campo, parou de jogar futebol e viu seu adversário crescer, querer, acreditar e, no segundo tempo, em menos de quatro minutos, virar e vencer.

O gol do Paysandu foi ainda no primeiro tempo. Daí em diante, só os cariocas jogaram e, depois de perder um gol incrível, o Paysandu “assistiu” seu adversário atacar e empatar. Mas o gol de empate era pouco pra essa equipe apática, e que, a cada jogo, é um passo a mais para a Série C.

A equipe bicolor viu seu adversário entrar em seu campo de defesa, fazer o que queria e virar a partida. Parecia que o Paysandu era um animal indefeso, com medo do que seu predador poderia fazer — e fez. Virou a partida com muito merecimento e entregou a lanterna da competição a quem é de direito. Segura a lanterna, porque ela é sua, Paysandu.

Em clima de pressão, mas ainda com esperanças de reação na competição, o Paysandu recebeu o Volta redonda, na noite desta sexta-feira, dia 5, dessa vez no Estádio do Mangueirão, em Belém. O jogo aconteceu às 19h (de Brasília), e foi válido pela 25ª rodada do Brasileiro.

A partida começou e com maior posse de bola, com o bicolor controlando as ações no meio-campo. O Paysandu tentou impor seu ritmo desde os primeiros minutos, mas esbarrou na sólida marcação do Volta Redonda. Apesar da pressão, o time da casa teve dificuldade para transformar o domínio em chances claras de gol e pouco ameaçou a meta adversária.

Do outro lado, o Voltaço adotou uma postura mais cautelosa, fechando os espaços e apostando nos contra-ataques para tentar surpreender o Papão. Mas o trabalho apareceu aos 21 minutos. Depois de uma cobrança de escanteio claramente ensaiada, a bola foi desviada por Thiago Heleno no primeiro pau e a redonda sobrou livra para Thalisson só empurrar para o fundo do gol do Volta Redonda. Papão 1 a 0.

No mundo da apatia

Após abrir o placar, o Paysandu mudou sua postura em campo e passou a adotar uma estratégia acovardada, recuando suas linhas e apostando nos contra-ataques para tentar ampliar a vantagem. A mudança de postura deu espaço para o Volta Redonda crescer na partida.

Mais presente no campo ofensivo, o time carioca passou a dominar as ações, trocando passes com mais liberdade e criando jogadas perigosas. Quase empatou a partida. Naquele momento o Voltaço dominava o Papão.

A verdade é que, após abrir o placar, o Paysandu simplesmente parou de jogar, um padrão que tem se repetido sempre que a equipe bicolor sai na frente. Mesmo ainda no primeiro tempo, o time parecia cansado, sem intensidade e criatividade. O Volta Redonda aproveitou a apatia do adversário, passou a dominar as ações e criou várias oportunidades claras, ficando muito perto de empatar a partida.

O segundo tempo começou com uma chance inacreditável desperdiçada pelo Paysandu. Após cobrança de escanteio, o goleiro Jefferson Paulino, do Volta Redonda, espalmou a bola nos pés de Diogo Oliveira. Sozinho, cara a cara com o gol, o centroavante finalizou torto e mandou para fora, desperdiçando uma oportunidade clara de ampliar o placar. Era o gol pra matar o jogo.

Pediu e perdeu

O clima era tenso na reta final da partida. De um lado, o Paysandu tentava segurar o resultado e apostava nos contra-ataques para garantir a vitória. Do outro, o Volta Redonda pressionava em busca de, ao menos, um ponto fora de casa. Apesar do espaço que tinha para atacar, o Papão não conseguia definir a partida, enquanto o Voltaço esbarrava em um sistema defensivo bem postado dos donos da casa. Era impossível piscar.

Os últimos 10 minutos foram de puro drama. O Paysandu abdicou do ataque, recuou completamente e se instalou no próprio campo, apenas esperando o Volta Redonda e resistindo à intensa pressão dos cariocas. O Papão praticamente só rezava, enquanto o Voltaço não parava de atacar. Para o time bicolor, pouco importava jogar bem naquele momento — o que valia mesmo eram os três pontos. O jogo não era pra cardíaco.

E aos 43 minutos um lance inacreditável! Diogo Oliveira rouba uma bola ainda no campo de defesa, cruza todo o campo, fica cara a cara com o gol e chuta em cima de Jeferson Paulino, perdendo um gol feito.

Mas o futebol é o esporte mais fantástico e mais cruel que existe. No mesmo lance o visitante cria um contra-ataque, a bola foi alçada na área e Gabriel Pinheiro coloca a cabeça e manda para o fundo do gol bicolor. 1 a 1. O gol do castigo de quem foi covarde e parou de jogar futebol dentro de seus domínios.

Mas o gol de empate foi pouco castigo para o Papão, ele continuou sem jogar, apequenado, com o gol de empate. A virada logo chegou. Raí, em um lance despretencioso, cortou o zagueiro do Paysandu e mandou no cantinho, uma bola defensável, mas Gabriel Mesquita aceitou o gol da virada. 2 a 1 Volta Redonda. Que vergonha Papão, que vergonha!

RAIO X DA PARTIDA

Paysandu: Gabriel Mesquita, Bryan Borges, Thalisson, Thiago Heleno, Reverson, Leandro Vilela(Dudu Vieira), Edinho(Rossi), Anderson Leite, Diogo Oliveira, Garcez e Marlon. Técnico: Claudinei Oliveira.

Volta Redonda: Jefferson Paulino, Jhonny, Gabriel, Fabrício, Lucas, Juninho(Sanches), André(Chay), Raí, Lucas(Daniel), MV(João Pedro), Kayke(Matheus). Rogério Correa.

Árbitro: Davi de Oliveira Lacerda (ES)

Assistente 1: Douglas Pagung (ES)

Assistente 2: Pedro Amorim de Freitas (ES)

Quarto árbitro: Djonaltan Costa de Araújo (PA)

VAR: Heber Roberto Lopes (SC)

AVAR: Helton Nunes (SC)

AS IMAGENS DO VEXAME EM CASA

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