Túnel Santos-Guarujá: obra do governo federal promete transformar mobilidade na Baixada Santista

Com investimento de R$ 6,8 bilhões, túnel imerso de 1,5 km terá seis faixas de tráfego, ciclovia e espaço para VLT

Por Sandra Venancio – Jornal Local – Foto Vosmar Rosa/@mporoficial

Um projeto aguardado há mais de cem anos pela população do litoral paulista está prestes a sair do papel. O túnel imerso que ligará Santos a Guarujá, sob o estuário do Porto de Santos – o maior da América do Sul –, entra em nova etapa nesta sexta-feira (5), às 16h, com o leilão na B3, em São Paulo, que definirá a empresa responsável pela construção e operação da obra pelos próximos 30 anos.

Com investimento estimado em R$ 6,8 bilhões, sendo R$ 5,1 bilhões de recursos públicos (divididos entre União e Governo de São Paulo) e R$ 1,78 bilhão da concessionária, o túnel terá 1,5 km de extensão, dos quais 870 metros submersos. O prazo de conclusão é de cinco anos.

Mobilidade em dois minutos

Hoje, a travessia entre Santos e Guarujá pode levar de 18 minutos, de balsa, a mais de uma hora por estrada. Com o túnel, o tempo cairá para entre um e dois minutos, segundo projeções oficiais. O traçado ligará as regiões de Outeirinhos e Macuco, em Santos, ao distrito de Vicente de Carvalho, em Guarujá, com possibilidade de ajustes pela futura concessionária.

A estrutura terá seis faixas de tráfego, ciclovia, passagem de pedestres e área reservada para um futuro Veículo Leve sobre Trilhos (VLT). Além disso, contará com monitoramento em tempo real, controle inteligente de tráfego e mecanismos de segurança integrados.

Tecnologia inédita no Brasil

Diferentemente dos túneis escavados em rocha, o projeto usará a técnica de túnel imerso, inédita no Brasil mas consolidada em grandes obras internacionais, como o túnel Fehmarnbelt, que ligará Alemanha e Dinamarca.

O método consiste em construir módulos de concreto pré-moldados em docas secas, que depois são rebocados e posicionados no fundo do canal. A instalação ocorre por meio de um processo de imersão controlada, em que a água é bombeada para afundar os blocos, que são então encaixados, fixados com pinos de aço e recobertos com uma camada de pedras para proteção contra impactos e correntes marítimas.

Impacto regional

A expectativa é que a obra reduza gargalos logísticos, melhore a fluidez no transporte de cargas do Porto de Santos e integre de forma inédita a mobilidade urbana da Baixada Santista, beneficiando diretamente os mais de 1,8 milhão de moradores da região.