A coligação Fuerza Patria (esquerda), da ex-presidente argentina Cristina Kirchner, foi a mais votada para a Assembleia Legislativa da Província de Buenos Aires. Com 89% das urnas apuradas às 22h (horário de Brasília), a coalizão tinha 47,00% dos votos. Era seguida pela do presidente Javier Milei, La Libertad Avanza (direita), com 33,84%.
O resultado é considerado um termômetro quanto aos impactos políticos das suspeitas de corrupção que rondam Milei e sua irmã Karina. Apesar de a votação ser local, a região concentra quase 40% da população argentina. Em 27 de agosto, ao fazer campanha na cidade de Lomas de Zamora, ao sul da Grande Buenos Aires, Milei viu sua carreata ser alvo de pedradas.
Historicamente, os resultados eleitorais nessa região apontam tendências para o panorama nacional. No fim de outubro, o país terá eleições legislativas nacionais de meio de mandato, com escolha de parte dos deputados e senadores do Congresso argentino.
Cristina Kirchner, que presidiu o país de 2007 a 2015, está em prisão domiciliar desde junho de 2025, depois de ser condenada por corrupção.
ESCÂNDALO DE CORRUPÇÃO DE MILEI
O escândalo envolvendo Karina Milei, irmã do presidente e secretária da presidência, foi deflagrado em agosto, com a divulgação de áudios de Diego Spagnuolo, ex-diretor da Andis (Agência Nacional para Pessoas com Deficiência) e amigo dos irmãos Milei.
Nas gravações, Spagnuolo cita a participação de Karina em um esquema de corrupção na compra de medicamentos —a irmã do presidente ficaria com 3% dos 8% da propina cobrada em todos os contratos do departamento.
Além das acusações, Milei enfrenta crescente resistência do setor bancário argentino. As instituições financeiras, que antes apoiavam a agenda econômica do governo, contestam as novas regras de liquidez implementadas para conter a desvalorização do peso. Os bancos classificam as medidas como ineficientes e custosas para suas operações.
Milei chegou ao poder com promessas de reformas radicais para combater a inflação e recuperar a economia, a partir de cortes de gastos. A taxa de inflação, embora tenha desacelerado nos últimos meses, ainda permanece em níveis elevados.
A relação com o Congresso é tensa. Na 5ª feira (4.set), os senadores, de maioria opositora, derrubaram pela 1ª vez um veto de Milei a um projeto de lei que aumenta os gastos e as proteções para pessoas com deficiência.