Um levantamento feito pela consultoria Elos Ayta mostrou que o S&P Merval, o principal índice da Bolsa de Valores de Buenos Aires, teve queda acumulada de 50,35% em dólares neste ano até 3ª feira (9.set.2025). É o pior retorno anual do mercado de ações argentino desde 2008, quando houve a crise financeira global.
O estudo considerou o desempenho do volume financeiro quando convertido o peso argentino para a moeda dos Estados Unidos. Eis a íntegra do comunicado (PDF – 917 kB). Em 2024, no 1º ano completo de gestão do presidente Javier Milei (La Libertad Avanza, direita), o índice disparou 114,91% em dólar.
O mercado de ações argentino azedou nos últimos dias depois de a coligação Fuerza Patria (esquerda), da ex-presidente argentina Cristina Kirchner, ser a mais votada para a Assembleia Legislativa da Província de Buenos Aires. O resultado foi uma derrota para Milei.
As eleições de domingo (7.set) são consideradas um termômetro quanto o impacto das medidas de ajuste econômico na popularidade do presidente. Os eleitores votaram também sob as suspeitas de corrupção que rondam Milei e sua irmã Karina.
O presidente argentino disse, no domingo (7.set), depois do resultado, que o rumo pelo qual foi eleito em 2023 não será modificado, mas “redobrado”. Afirmou que continuará com medidas de equilíbrio fiscal, como de corte de gastos, e de restrição monetária.
Fato é que, depois de um ano com forte alta no S&P Merval, o mercado de ações registra o pior desempenho em dólar em 17 anos. Até 3ª feira (9.set.2025), a queda nominal em peso argentino foi de 31,78%, mas, quando se acrescenta a desvalorização da moeda argentina em relação ao dólar, o tombo chega a 50,35%.
Houve um recuo em 2018 similar ao atual, de 49,96% no acumulado anual. Naquela época, o país enfrentou uma crise cambial, com uma forte desvalorização do peso argentino em relação à moeda norte-americana. O governo Maurício Macri pediu ajuda do FMI (Fundo Monetário Internacional) para equilibrar as contas e frear a alta do dólar no país.
O levantamento da Elos Ayta mostrou que a queda do S&P Mervadl em dólar em 2025 vai na contramão do desempenho de 21 índices das principais Bolsas de Valores globais.
O Ibovespa, principal índice da B3 (Bolsa de Valores de São Paulo), subiu 17,74%, mas a alta foi de 34,32% em dólar por causa da valorização do real frente à moeda dos EUA.