Bolsonaro teme prisão na Papuda e Exército rejeita recebê-lo em quartel

Ex-presidente estaria em pânico com a possibilidade de ser enviado a presídio comum; Moraes definirá local de cumprimento da pena

Por Sandra Venancio – Foto Supremo Tribunal Federal

Às vésperas de ser condenado pelo Supremo Tribunal Federal (STF) por tentativa de golpe de Estado, Jair Bolsonaro estaria em desespero diante da perspectiva de cumprir pena no Complexo Penitenciário da Papuda, em Brasília. O ex-presidente, atualmente em prisão domiciliar, teme ser transferido para uma cela comum e se diz humilhado com essa possibilidade.

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Segundo relatos de aliados obtidos pela colunista Mônica Bergamo, Bolsonaro “está em pânico” e manifesta preocupação com a própria segurança. Ele teria confidenciado medo de morrer em um presídio comum ou de sofrer maus-tratos de outros detentos. A defesa já ensaia o argumento de que o ex-presidente não teria condições de saúde para cumprir pena em regime fechado, buscando a manutenção da prisão domiciliar após a condenação.

O Complexo da Papuda, porém, já preparou um espaço reservado para receber Bolsonaro, caso o STF determine. A decisão caberá ao ministro Alexandre de Moraes, relator da ação penal. Entre as alternativas cogitadas, está também a custódia na Superintendência da Polícia Federal em Brasília — modelo similar ao adotado no caso do ex-presidente Lula, que cumpriu 580 dias em Curitiba. Essa hipótese, no entanto, traz riscos de alimentar o discurso de perseguição entre bolsonaristas.

Exército recusa abrigar Bolsonaro preso

Uma das possibilidades descartadas foi a permanência de Bolsonaro em instalações militares. Generais comunicaram, de forma extraoficial, ao STF que não aceitam recebê-lo em quartéis. A decisão representa uma ruptura simbólica: após anos de blindagem, as Forças Armadas sinalizam que não pretendem arcar com o ônus de custodiar o capitão reformado.

Nos bastidores, a recusa tem explicação prática e política. Generais avaliam que manter Bolsonaro em um quartel transformaria o local em ponto de peregrinação de apoiadores, repetindo a cena dos acampamentos golpistas, mas dessa vez com a responsabilidade dos militares de conter seus próprios simpatizantes. O risco de desgaste e acusações de favorecimento levou à negativa imediata.

A tendência, segundo fontes jurídicas, é que o STF opte por uma cela em ala reservada da Papuda, medida considerada mais compatível com a gravidade da condenação e com o caráter punitivo do julgamento. A definição da pena deve ocorrer já nesta sexta-feira (12).

Onde Bolsonaro pode cumprir pena

Prisão domiciliar: possibilidade temporária, caso Moraes considere os argumentos da defesa sobre saúde debilitada.

Papuda (mais provável): cela especial em ala reservada do complexo penitenciário de Brasília.

Superintendência da PF em Brasília: alternativa cogitada, mas com risco de reforçar narrativa de perseguição.

Quartéis militares: hipótese rejeitada pelo Exército, que se recusa a abrigar Bolsonaro.