1616
A fortificação militar. Uma improvisada cerca de madeira, com portão de saída ao lado do norte, para a praia, segundo Manoel Barata.
Uma fortaleza de pedra, segundo Teodoro Braga.
Umas casas rústicas, de palha, para os soldados, dentro do forte.
Pequenina igreja, de taipa, coberta de palha, também no interior do forte, dedicada a Nossa Senhora da Graça.
Este grupo de edificações ficava numa área da pequena península formada por fragmentos de terraço, a 7 ou 8 metros acima do nível das águas do Rio Guamá e da Bahia do Guajará, onde, depois o povoado foi instalado.
1617
Olaria, casa, forno e oficinas de Maria Cabral, mulher do Capitão-Mor Francisco Castelo Branco, em terrenos nas vizinhanças do atual Largo do Carmo.
Capela de Santa Febrônia, nos mesmos terrenos.
Casas de sobrado, grandes, de telha e madeira, também de Maria Cabral
Primeira rua de Belém . Iniciava-se junto ao forte e terminava uns 300 metros depois, junto à borda ocidental do fragmento de terraço sobre o qual estava o povoado. Chamou-se Rua do Norte, atualmente Rua Siqueira Mendes.
Nela, foram erguidos os sobrados da mulher de Castelo Branco. Começa a surgir o primeiro bairro de Belém, Cidade, chamado, depois, de Cidade Velha
1618
Convento e hospício, pertencentes aos franciscanos, à margem da Bahia do Guajará, e, protegidos por muralhas de pau a pique. Ficavam 1.250 metros distantes do forte, dando origem, no futuro, ao surgimento do segundo bairro, Campina.
Transferência da capela de taipa de pilão, coberta de palha, dedicada à Nossa Senhora das Graças, construída, dois anos antes, no interior do forte, para a área na frente da fortificação. Ali, se tornaria a matriz do povoado. E, seria, mais tarde, reconstruída como Catedral da Sé.
Segunda e terceira ruas de Belém, paralelas à Rua do Norte. Receberam os nomes de Rua do Espirito Santo, hoje, dr. Assis, e, Rua dos Cavaleiros, atual Rua dr. Malcher.
1622
Reforma do forte, por ordens de Bento Maciel. Foram levantados: muralha de 198 metros de comprimento, 3 metros e 74 centímetros de altura, e , 1 metro e 54 centímetos de largura; três baluartes, com suas guaritas, corpos de guarda, alojamento e armazéns. Tudo em taipa de pilão.
Capela de Santo Cristo, em taipa de pilão, com um só altar, na parte interna do forte, próxima do fosso.
Quarta rua, a de São João, paralela, também, à Rua do Norte.
Capela de São João, em taipa de pilão, ao final da rua com mesmo nome. Depois, reconstruída por Landi, se tornou a Igrejinha de São João.
1625
Senado da Câmara, na Rua do Espírito Santo (Dr. Assis).
1626
Casa de taipa de pilão, coberta de telha, na Rua Norte (Siqueira Mendes), próxima dos imóveis de Maria Cabral, no atual Largo do Carmo. Foi adaptada para servir de convento aos carmelitas.
Igreja dos carmelitas, de taipa de pilão, ao lado do convento, próxima das águas do Rio Guamá. Atual Igreja das Mercês.
Convento e igreja dos franciscanos, no subúrbio do povoado, perto tanto das águas da Bahia do Guajará, como do terreno mais tarde ocupado pelo Largo de Santo Antônio.
Mais uma rua, a dos Mercadores, depois transformada em duas vias contínuas, as ruas João Alfredo e Santo Antônio. Ligava o forte, no centro do povoado, ao convento dos franciscanos pela encosta perto do litoral, a 5/10 metros acima do nível das águas da baía.
1640
Convento e igreja dos mercedários, de taipa de pilão, com cobertura de palha, num terreno às margens do Rio Guamá, com os fundos voltados para a praia. Entre os atuais Largo das Mercês e Boulevard Castilho Franca. Estava na direção dos franciscanos, para quem saía do forte.
Rua da Praia, hoje Rua 15 de Novembro, próxima às águas do Rio Guamá, terminava diante do convento dos mercedários.
Rua da Paixão, atual Rua 13 de Maio, paralela à Rua da Praias e à Rua dos Mercadores.
Rua do Passarinho (Campos Sales), Rua das Mercês (Padre Prudêncio), Rua das Gaivotas (1º de Março), e, Rua das Mirandas (Presidente Vargas). Todas ruas de curta extensão, eram transversais à Ruas da Praia (15 de Novembro), à Rua dos Mercadores (João Alfredo/Santo Antônio), e à Rua da Paixão (13 de Maio).
1650
Ermida de Santo Luzia, de taipa de pilão, no lado oriental das Rua dos Mercadores (João Alfredo/Santo Antônio), nas cercanias do convento dos mercedários.
Hospital de Santa Casa, em taipa de pilão, junto da ermida de Santa Luzia, na área, depois, ocupada pela loja Casa Paris n´América, na atual Rua Santo Antônio.
1652
Primeiras casa e capela dos jesuítas. De taipa de pilão, pequenas, cobertas de palha, construídas em terreno perto do convento dos mercedários.
1653
Choupana e igreja de taipa de pilão dos jesuítas, num terreno ao lado do forte.
Metade de um pavilhão, no mesmo terreno, destinado ao colégio jesuíta. Em taipa de pilão, com vigas de pedra e cal, com cobertura de telha, depois trocada por outra, de pindoba. Cercado de pau-a-pique.
Restauração da Capela de Nossa Senhora das Graças, futura Igreja da Sé.
Telheiro em área próxima aos jesuítas, armado para servir como Alfândega de Belém.
1665
Forte de São Pedro Nolasco, na orla da baía que banhava o terreno do convento dos mercedários. Em forma triangular, com vértice dirigido para as águas e a base engastada no barranco da margem do litoral.
1668/1670
Reforma e ampliação da igreja dos jesuítas, atual Igreja de Santo Alexandre. O templo teve sua estrutura de pedra e cal alargada e seu arco levantado. Ficou, então, bem proporcionada em comprimento, largura e altura.
Reforma e ampliação do convento jesuítico, parte do atual Museu de Arte Sacra do Pará.
O colégio dos jesuítas recebeu uma capela doméstica, alambique e muro, para cercar seu quintal. Outra parte, daquele atual museu.
1676/1680
Residência oficial do Governador do Gram-Pará, na Travessa da Residência (depois, Travessa da Vigia, e, atual Travessa Felix Rocque). A via cortava a Rua do Norte (Siqueira Mendes). Foi levantada em taipa de pilão. Tinha dois pavimentos. Na fachada do seu pavimento superior, havia 14 janelas de sacadas, com baluartes de madeira. E, em cada uma das fachadas laterais, três janelas semelhantes.
1682
Capela pequena em lugar ainda ermo da Rua das Mercês. Construída por negros do povoado, se tornaria depois a Igreja dos Rosário dos Homens Pretos, com obras executadas segundo projeto de Antônio Giuseppe Landi.
1685
Fortificação militar, de pedra e cal. Tinha forma arredondada e ficava sobre um banco de pedras, no canal de entrada do povoado de Belém, a 8 quilômetros de distância dele. Construída de acordo com planta do Capitão Antônio Rodrigues Lameira da França. Tornou-se a Fortaleza da Barra.
1694
Capela da Ordem Terceira, de taipa de pilão e cobertura de palha, nas vizinhanças do convento dos franciscanos.
1706
Capela e casa de madeira, construída pelos padres da Conceição da Beira do Minho, no sítio do Porto-do-Tição, na parte mais ocidental do povoado. Depois, ali, surgiria o Presídio de São José, atual Polo Joalheiro.
1709
Prédio inacabado do Palácio dos Governadores, em frente à Rua do Espírito Santo e próximo do forte.
1712
Reconstrução da Igreja do Carmo.
1714
Reforma e ampliação da Capela de São João.
1718
Conclusão do conjunto arquitetônica jesuítico, perto do forte. O colégio passou a ter: pomar, jardim, horta, pátios, salas de aulas, aposentos dos padres, refeitórios, farmácia, biblioteca, oficinas, sala de consulta, cozinhas, casas de hóspede, casa da torre.
A igreja – atual Igreja de Santo Alexandre – foi dotada de nove capelas, dois púlpitos, e, ampla sacristia.
1725
Jesuítas constroem a Igreja do Rosário dos Homens Brancos, em frente do convento da atual Igreja do Carmo.
1749
Jesuítas constroem sobrado com seis salas, perto do conjunto arquitetônico da ordem deles, destinado ao Seminário.
- Oswaldo Coimbra é escritor e jornalista
English translation (tradução para o inglês)
The Birth of Belém, Following Its First Documented Constructions
1616
- Military fortification: an improvised wooden fence, with a northern gate opening to the beach, according to Manoel Barata.
- A stone fortress, according to Teodoro Braga.
- Rustic straw huts for the soldiers, built inside the fort.
- A small mud-and-straw church inside the fort, dedicated to Our Lady of Grace.
This group of constructions stood on a small peninsula formed by fragments of terrace, 7 to 8 meters above the water level of the Guamá River and the Guajará Bay, where the settlement would later be established.
1617
- Pottery workshop, house, kiln, and workshops belonging to Maria Cabral, wife of Captain-Major Francisco Castelo Branco, on land near what is now Largo do Carmo.
- Chapel of Saint Febrônia, on the same grounds.
- Large two-story houses, tiled and timbered, also belonging to Maria Cabral.
- The first street of Belém, beginning at the fort and extending about 300 meters to the western edge of the terrace where the village stood. It was called Rua do Norte, today Rua Siqueira Mendes. On this street, Maria Cabral built her large houses. Thus began Belém’s first neighborhood, known as Cidade, later Cidade Velha.
1618
- Franciscan convent and hospice, on the edge of Guajará Bay, protected by wattle-and-daub walls. Located 1,250 meters from the fort, this site would later give rise to the second neighborhood, Campina.
- The mud-and-straw chapel of Our Lady of Grace, built inside the fort in 1616, was moved to the area in front of the fortress. It became the parish church of the village and was later rebuilt as the Cathedral of Sé.
- The second and third streets of Belém, parallel to Rua do Norte, were opened: Rua do Espírito Santo (today Dr. Assis) and Rua dos Cavaleiros (now Dr. Malcher).
1622
- Reconstruction of the fort by order of Bento Maciel: a wall 198 meters long, 3.74 meters high, and 1.54 meters thick; three bastions with sentry boxes, guardhouses, quarters, and warehouses, all in rammed earth.
- Chapel of the Holy Christ, in rammed earth, with a single altar, built inside the fort near the moat.
- The fourth street, Rua de São João, parallel to Rua do Norte.
- Chapel of Saint John, in rammed earth, at the end of the street of the same name. Later rebuilt by Landi, it became the Igrejinha de São João.
1625
- City Council (Senado da Câmara), on Rua do Espírito Santo (Dr. Assis).
1626
- Rammed-earth house with a tiled roof, on Rua do Norte (Siqueira Mendes), near Maria Cabral’s properties at what is now Largo do Carmo. Adapted to serve as a Carmelite convent.
- Carmelite church, in rammed earth, beside the convent, near the waters of the Guamá River. Today’s Igreja das Mercês.
- Franciscan convent and church, in the outskirts of the village, near both Guajará Bay and the land later occupied by Largo de Santo Antônio.
- Rua dos Mercadores, later split into two continuous streets, João Alfredo and Santo Antônio. It linked the fort, in the village center, to the Franciscan convent, along the slope near the shore, 5–10 meters above the bay’s water level.
1640
- Mercedarian convent and church, in rammed earth with a thatched roof, on the banks of the Guamá River, between today’s Largo das Mercês and Boulevard Castilho Franca.
- Rua da Praia, now Rua 15 de Novembro, running close to the Guamá River, ending at the Mercedarian convent.
- Rua da Paixão, now Rua 13 de Maio, parallel to Rua da Praia and Rua dos Mercadores.
- Other small streets: Rua do Passarinho (Campos Sales), Rua das Mercês (Padre Prudêncio), Rua das Gaivotas (1º de Março), and Rua das Mirandas (Presidente Vargas). All were short and transversal to Rua da Praia, Rua dos Mercadores, and Rua da Paixão.
1650
- Hermitage of Saint Lucy, in rammed earth, on the eastern side of Rua dos Mercadores, near the Mercedarian convent.
- Santa Casa Hospital, in rammed earth, next to the Hermitage of Saint Lucy, in the area later occupied by Casa Paris n’América, on today’s Rua Santo Antônio.
1652
- First Jesuit house and chapel, small rammed-earth and thatched structures, built near the Mercedarian convent.
1653
- Jesuit hut and church, in rammed earth, built beside the fort.
- Half of a pavilion on the same site, for the Jesuit college. Built in rammed earth with stone-and-lime beams, tiled roof later replaced by palm leaves, enclosed with wattle fencing.
- Restoration of the Chapel of Our Lady of Grace, later the Cathedral of Sé.
- A shed erected near the Jesuits’ grounds, serving as Belém’s Customs House.
1665
- Fort of São Pedro Nolasco, on the bay shore near the Mercedarian convent. Triangular in shape, with its vertex pointing toward the water and its base set into the riverbank.
1668/1670
- Reconstruction and expansion of the Jesuit church, today’s Igreja de Santo Alexandre, enlarged in stone and lime, with a raised arch, giving the structure harmonious proportions.
- Expansion of the Jesuit convent, now part of the Pará Museum of Sacred Art. The college also received a domestic chapel, a still for spirits, and a wall enclosing its yard.
1676/1680
- Official Residence of the Governor of Grão-Pará, on Travessa da Residência (later Travessa da Vigia, now Travessa Félix Rocque), crossing Rua do Norte (Siqueira Mendes). Built in rammed earth, with two stories. Its upper façade featured 14 wooden-balustrade windows, and each side façade had three similar windows.
1682
- A small chapel on Rua das Mercês, built by Black residents. Later became the Church of Our Lady of the Rosary of Black Men, redesigned by Antônio Giuseppe Landi.
1685
- Military fortification, in stone and lime, rounded in shape, built on a rocky bank at the entrance channel to Belém, 8 km from the town. Designed by Captain Antônio Rodrigues Lameira da França, later known as the Fortaleza da Barra.
1694
- Chapel of the Third Order, in rammed earth with a thatched roof, near the Franciscan convent.
1706
- Chapel and house of wood, built by priests from Conceição da Beira do Minho, at Porto do Tição, the westernmost part of the settlement. Later, the site became the Presídio de São José, today the Jewelry Hub (Pólo Joalheiro).
1709
- Unfinished Palace of the Governors, in front of Rua do Espírito Santo, near the fort.
1712
- Reconstruction of the Church of Carmo.
1714
- Renovation and expansion of the Chapel of Saint John.
1718
- Completion of the Jesuit architectural complex, near the fort. The college now included orchard, garden, vegetable patch, courtyards, classrooms, priests’ quarters, refectories, pharmacy, library, workshops, consultation room, kitchens, guest houses, and a bell tower house.
- The church — today’s Igreja de Santo Alexandre — received nine chapels, two pulpits, and a large sacristy.
1725
- Jesuits built the Church of Our Lady of the Rosary of White Men, across from today’s Church of Carmo.
1749
- Jesuits built a two-story house with six rooms, near their architectural complex, to serve as a seminary.
Oswaldo Coimbra is a writer and journalist.
(Illustration: Church of the former slaves of Belém, later redesigned by Landi)
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