EXCLUSIVO – Wlad recorre de condenação a 12 anos e aponta “falhas graves no processo”

Condenado a 12 anos de prisão pelos crimes de violência política de gênero, perseguição, violência psicológica contra mulher, difamação, injúria e extorsão, o ex-deputado federal Wladimir Costa Rabelo, conhecido nacionalmente como Wlad, tenta reverter sua situação na Justiça Eleitoral do Pará, apelando contra a sentença . Ele cumpre atualmente prisão domiciliar em Belém, monitorado por tornozeleira eletrônica em razão de problemas de saúde.

Na apelação criminal protocolada em setembro de 2024, a defesa do ex-parlamentar pede a anulação da sentença e sustenta que houve “erro processual, inépcia da denúncia, quebra da cadeia de custódia das provas e incompetência da Justiça Eleitoral” para julgar parte dos crimes imputados.

O caso envolve denúncia feita contra ele pela deputada federal Renilce Nicodemos. A apelação deve ser julgada nesta sexta-feira, 12. O Ver-o-Fato teve acesso às 102 páginas do recurso do ex-deputado.

“Somente há de se configurar o crime eleitoral próprio se o fato tido como crime eleitoral tivesse ocorrido à época do processo eleitoral, das eleições. No presente caso, é incontroverso que os fatos ocorreram fora do período eleitoral”, argumenta a defesa.

Em setembro de 2024, a Justiça Eleitoral condenou Wladimir Costa a 12 anos de reclusão em regime inicialmente fechado. A pena foi distribuída da seguinte forma:

  • Violência política de gênero – 4 anos de reclusão;
  • Perseguição – 1 ano de reclusão;
  • Violência psicológica contra mulher – 1 ano de reclusão;
  • Difamação majorada – 1 ano de detenção;
  • Extorsão – 5 anos de reclusão.

Além disso, foram aplicados 124 dias-multa à razão de um salário mínimo por dia.

Defesa alega nulidades

Na apelação, os advogados de Wlad sustentam que a denúncia do Ministério Público não descreveu adequadamente as condutas atribuídas ao acusado, o que teria violado o direito de defesa:

“A peça inicial menciona o crime apenas em sua classificação legal, sem fornecer uma descrição suficiente. Essa falta de especificação acarreta prejuízo evidente à defesa, violando frontalmente os princípios constitucionais da ampla defesa e do contraditório”.

Outro ponto levantado é a quebra da cadeia de custódia de provas digitais, especialmente em relação a um áudio que teria servido de base para a acusação de extorsão. Segundo os advogados, o material circulou previamente em redes sociais antes de ser periciado, o que comprometeria sua autenticidade:

“A prova pode ter sido – e a defesa entende que foi – claramente manipulada. A utilização do áudio da forma apresentada causou a quebra da cadeia de custódia, contaminando todo o acervo probatório”.

Retratação e extinção da punibilidade

A defesa também alega que o ex-deputado apresentou retratação em juízo, o que deveria extinguir a punibilidade nos crimes contra a honra:

“Foi apresentado o pedido de retratação cabal, formal e expressa antes da sentença de primeiro grau. Essa retratação é causa extintiva da punibilidade, nos termos do artigo 107, VI, do Código Penal”.

Argumento político

Além dos aspectos jurídicos, a defesa insinua que houve um uso político do processo. Segundo a apelação, críticas e declarações feitas por Wlad em suas redes sociais foram interpretadas como crimes eleitorais, ainda que fora de período eleitoral:

“As críticas ácidas aos costumes, que as acusações mencionam como ofensa à honra, não foram praticadas com finalidade de propaganda eleitoral. Jamais houve a intenção de difamar para fins eleitorais”.

Situação atual

Mesmo condenado, Wlad permanece em casa, monitorado por tornozeleira eletrônica. A prisão domiciliar foi autorizada por motivos de saúde, já que o ex-parlamentar alegou não ter condições clínicas de permanecer em regime fechado.

Enquanto aguarda o julgamento da apelação, o ex-parlamentar mantém o tom combativo de seus advogados, que pedem a nulidade da condenação e insistem que o processo foi “marcado por falhas graves e injustiças”.

Em nota enviada a jornalistas, Wlad diz que a condenação dele a 12 anos de prisão em regime fechado configura um “padrão de retaliação” e põe em risco a liberdade de imprensa. Segundo a nota, o caso transcende a situação individual de Wlad e representa um “alerta para jornalistas, editores e donos de portais. “Hoje foi Wlad Costa. Amanhã pode ser qualquer jornalista”, diz a defesa.

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