Fux age como ‘marionete de Trump’ e expõe STF à ingerência dos EUA, diz professor

Luiz Fux, ministro do STF – Foto: reprodução

Brasil de Fato: O professor de Relações Internacionais da Universidade Federal do ABC (UFABC), Gilberto Maringoni, classificou como “vergonhoso” o voto do ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Luiz Fux no julgamento da trama golpista nesta quarta-feira (10). Em entrevista ao Conexão BdF, da Rádio Brasil de Fato, ele ainda chamou o magistrado de “marionete do governo americano”.

A crítica vem após o bolsonarista Paulo Figueiredo, neto do ex-presidente da ditadura João Figueiredo, afirmar que o magistrado ficaria de fora de futuras sanções dos Estados Unidos por se opor à condenação do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL). A fala faz menção à chamada Lei Magnitsky, usada por Donald Trump para punir o ministro Alexandre de Moraes, relator do processo.

Na sessão, Fux divergiu do parecer de Moraes a favor da condenação do ex-presidente, e votou pela absolvição. Contando com o voto do ministro Flávio Dino, o placar ficou em 2 a 1 pela condenação de Bolsonaro, acusado de liderar a tentativa de golpe de Estado após a eleição de 2022.

“O que ele [Paulo Figueiredo] está dizendo é: o ministro Fux é um marionete do governo americano. É uma vergonha que um juiz, um ministro da Suprema Corte, esteja dessa maneira, ligado tão estreitamente com um governo de uma potência estrangeira”, critica Maringoni.

Ameaça dos EUA ‘não pode ser descartada’

A entrevista de Figueiredo ocorreu pouco depois de a porta-voz da Casa Branca, Karoline Leavitt, falar que Trump “não tem medo de usar o poder econômico e o poder militar para proteger a liberdade de expressão ao redor do mundo”. A declaração foi dada nesta terça-feira (9) em resposta a pergunta de um jornalista sobre possíveis novas sanções contra o Brasil caso Bolsonaro seja condenado pelo STF por tentativa de golpe de Estado.

O professor avalia que a declaração deve ser levada a sério. “Não dá para dizermos que é uma bravata, porque Donald Trump tem se caracterizado por usar de uma brutalidade ímpar nas relações internacionais”, pontua. Segundo ele, a postura estadunidense pode se traduzir em chantagens armadas semelhantes às registradas contra a Venezuela. “É bem possível que ele tente fazer algo como foi na Venezuela: desloque para as águas do Atlântico Sul uma frota da Marinha americana para intimidar. Devemos estar preparados”, alerta.

“Não se pode descartar esse tipo de coisa”, acrescenta. Para ele, cabe ao Itamaraty, ao Congresso e ao Executivo manterem uma postura firme diante das ameaças externas. “Esse tipo de ameaça, durante um julgamento dessa magnitude, não pode ser maculado, tutelado, dirigido ou sofrer interferências de qualquer governo estrangeiro, seja ele quem for”, defende.

Apesar da relação publicamente anunciada das sanções tarifárias de Trump com o julgamento de Bolsonaro, Maringoni acredita que elas têm como alvo, na verdade, o crescimento do Brics. “Ele mira o fato do Brasil ser o único ou grande integrante do Brics no Ocidente. Os países do Brics têm começado a transacionar entre si, a ter relações comerciais fora da economia do dólar. Isso é fatal para os Estados Unidos”, explica.

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