Exportações paraenses aos EUA mostram sinais de antecipação nas vendas diante do tarifaço

Um mês após a entrada em vigor das medidas tarifárias impostas pelo governo dos Estados Unidos, as exportações do Pará para o mercado norte-americano já apresentam sinais de reação às novas condições. Estudos da Federação das Indústrias do Estado do Pará (FIEPA), realizados por meio do Centro Internacional de Negócios (CIN) e do Observatório da Indústria, indicam uma possível antecipação de embarques por parte das empresas exportadoras, em resposta às sanções econômicas aplicadas aos produtos brasileiros.

Em agosto, mês em que o tarifaço passou a entrar em vigor, o estado registrou uma redução de 33,3% na variedade de categorias exportadas para os EUA, caindo de 63 para 42 NCMs em relação a julho. Apesar da menor diversidade, alguns segmentos ganharam destaque, como o açaí, que registrou crescimento expressivo.

Somente no último mês, as exportações da NCM referente ao fruto amazônico avançaram 389,17%, movimento que pode indicar uma estratégia de antecipação por parte das empresas paraenses exportadoras. No acumulado de janeiro a agosto de 2025, o açaí também manteve desempenho positivo, com alta de 17,38% em relação ao mesmo período de 2024.

O comportamento reforça a análise de que além da sazonalidade da safra, os exportadores podem estar ajustando estratégias diante das medidas impostas pelos Estados Unidos. No balanço geral, o resultado permanece favorável ao estado. Entre janeiro e agosto, as exportações do Pará para os EUA cresceram 48,82%, passando de US$ 516,5 milhões para US$ 768,7 milhões, enquanto as importações subiram 54,66% no mesmo intervalo. Com isso, o Pará manteve a posição de 9º estado brasileiro com maior relação comercial com os Estados Unidos, respondendo por 2,89% das exportações nacionais destinadas ao país.

O presidente da FIEPA, Alex Carvalho, destaca que o cenário ainda é de incertezas e exige acompanhamento constante. Para ele, embora segmentos como o do açaí tenham registrado crescimento, o tarifaço pode impactar uma cadeia estimada em cinco mil empregos diretos e 15 mil indiretos, o que preocupa não apenas do ponto de vista econômico, mas também social.

Ele ressalta que o açaí é um exemplo emblemático, por unir relevância econômica e identidade cultural. “Essa cadeia representa o reconhecimento que vai do pequeno agricultor ribeirinho até o potencial que transformou o Pará em um grande player global. O crescimento recente se deve, em parte, à antecipação de pedidos, mas já há sinais de que os custos adicionais podem estourar justamente no elo mais frágil da cadeia, no produtor e no apanhador da fruta”, explicou.

Carvalho acrescenta que apesar da publicação da Ordem Executiva, que altera a lista de itens tarifados pelos Estados Unidos, ampliando de 38 para 82 os itens sujeitos às tarifas recíprocas e estabelece novas diretrizes para acordos comerciais e de segurança, não há razão para comemorações, mas sim o momento de defender o diálogo diplomático entre os países.

“O que esperamos é que, com bom senso, haja uma relação bilateral de ganha-ganha, já que não há concorrência entre a indústria do açaí e a americana. Pelo contrário, abastecemos o mercado deles com um produto de alto valor nutricional, que não é produzido localmente”, concluiu o presidente da FIEPA.

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