No Senado, a “dança das catitas”: Alcolumbre sob pressão e o sigilo dos gabinetes

O Brasil, definitivamente, não é para amadores, e o Congresso Nacional é prova da afirmação. A poucas horas da convocação da CMPI do INSS para ouvir o “Careca do INSS”, marcada para esta segunda-feira (15), uma das figuras-chave por trás da roubalheira que rapinou aposentados, os bastidores ensaiam a “dança das catitas” convocando pizzaiolos para o banquete da impunidade. Querem censurar as informações sobre entrada e saída de suspeitos de praticar fraudes no INSS em gabinetes de senadores.

Imposição de sigilo às informações
A jogada que está em curso é a seguinte: imposição de sigilo às informações sobre entrada e saída de suspeitos de praticar fraudes no INSS em gabinetes de senadores virou o foco de tensão entre integrantes da CPI que apura fraudes no instituto e o presidente da Casa, Davi Alcolumbre (União-AP).

O que tem para esconder?
A pressão inicial partia de nomes da oposição, que tentavam ter acesso a relação de gabinetes que o ‘Careca do INSS’, visitou nos últimos anos, e ganhou o endosso dos governistas, que tentam comprovar que parlamentares bolsonaristas receberam dirigentes de associações também ligadas a descontos irregulares de aposentados e pensionistas antes de 2022.

Bastidores
Há duas semanas, o presidente do Senado e do Congresso, Davi Alcolumbre (UNIÃO-AP), disse ao presidente da CPMI do INSS, Carlos Viana (PODEMOS-MG ) que negaria abrir os dados de acesso a relação de gabinetes que o ‘Careca do INSS’, visitou nos últimos anos.

Culpa do Pacheco
A desculpa de Alcolumbre a Viana foi inusitada: “Feriria o direito à intimidade e à vida privada e infringiria a imunidade parlamentar”, explicando ao colega que a decisão era a de manter sob sigilo, essas informações, colocadas sob sigilo de 100 anos, por decisão da gestão anterior, de Rodrigo Pacheco (PSD-MG).

Engavetador-Geral da República
Senadores apelidaram Pacheco, de “Engavetador-Geral da República no Senado”, porque arquivou inúmeros pedidos da oposição e censurou dados comezinhos, como a lista de visitantes ao Congresso.

Confissão
Senadores próximos de Alcolumbre, como Weverton Rocha (PDT-MA), já admitiram ter tido encontros com o ‘Careca do INSS’ em seu gabinete. A divulgação dos dados poderia apontar mais encontros dele com membros da base governista e aliados de Alcolumbre, o que causaria desgaste, afirmam parlamentares da oposição.

Relator entra no circuito
Ligado à oposição, o relator da CPI, o deputado Alfredo Gaspar (União-AL), diz que o colegiado ainda procura uma saída institucional para ter acesso aos dados, mas que seus integrantes já cogitam uma medida judicial: “Estamos tentando resolver com diálogo. Essas informações são importantes. Mas, caso se mostrem realmente imprescindíveis para os trabalhos, se não tivermos uma solução, poderemos entrar com um mandado de segurança, judicializar a questão. Na Câmara, por exemplo, não há essa restrição à informação.”

Meio-copo
O presidente Carlos Viana tenta se equilibrar no turbilhão. Apesar de ter recebido a negativa de Alcolumbre, um aperitivo foi oferecido ao prato principal. Informar o nome e a data de entrada dos suspeitos, sem referência ao destino.
Viana explicou: “O presidente Alcolumbre não se mostrou aberto a abrir os dados de entrada e saída nos gabinetes. Até o momento, teremos o controle do acesso dos suspeitos às dependências do Senado, o que já pode nos dar pistas que podem pautar os trabalhos da CPI”.

Forno esquentando
Diante do impasse, a desculpa soou como fraqueza do presidente da CPI para fontes ouvidas pela Coluna que disseram sob anonimato: “Se ficar assim, é o sinal que o forno para assar a pizza, já está em curso”.
Não será a primeira.

Val-André Mutran é repórter especial para o Portal Ver-o-Fato e está sediado em Brasília.
 
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