Greve de trabalhadores da construção civil paralisa obras em Belém e afeta preparativos para a COP30

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Trabalhadores da construção civil e do setor mobiliário de Belém, Ananindeua e Marituba entraram em greve por tempo indeterminado nesta terça-feira (16), após rejeitarem a proposta patronal de reajuste salarial considerada insuficiente. Segundo o Sindicato dos Trabalhadores da Indústria da Construção Civil e do Mobiliário de Belém (STICMB), cerca de 5 mil operários aderiram à paralisação, que atinge obras públicas estratégicas, incluindo projetos ligados à COP30, como a Vila COP30, onde devem se hospedar chefes de Estado, o Parque da Cidade e empreendimentos hoteleiros.

Apesar da mobilização, a Secretaria de Estado de Obras Públicas (Seop) informou que “as obras da COP30 seguem dentro do cronograma previsto”, negando impactos sobre os preparativos para o evento. O sindicato, no entanto, afirma que os canteiros estão parados e que a greve seguirá até que as reivindicações sejam atendidas.

Reivindicações e impasse

Os trabalhadores exigem 9,5% de reajuste no piso salarial, Participação nos Lucros e Resultados (PLR) de R$ 378 em duas parcelas, cesta básica no valor de R$ 270, além de melhorias nas condições de trabalho, promoção para mulheres na área, aviso prévio indenizado e manutenção das cláusulas sociais já conquistadas.

Do lado patronal, a proposta apresentada foi de 5,5% de aumento e R$ 10 a mais na cesta básica, que passaria de R$ 110 para R$ 120. A contraproposta foi considerada “desrespeitosa” pelo sindicato. “Nossa categoria está trabalhando sob sol e chuva para garantir as obras da COP30, os patrões lucrando bilhões, e nós não conseguimos nem pagar nossas contas no final do mês”, declarou o coordenador-geral do STICMB, Ailson Cunha.

Obras bilionárias e pressão sobre o governo

Com a COP30 marcada para novembro de 2025, Belém e municípios da região metropolitana recebem investimentos da ordem de R$ 6 bilhões do governo federal. O setor da construção civil é um dos mais beneficiados com os recursos, mas segundo os trabalhadores, os ganhos não têm se refletido em melhores condições salariais e de vida para a categoria.

O sindicato afirma ainda que enviou ofícios ao prefeito de Belém, Igor Normando (MDB), e ao governador do Pará, Helder Barbalho (MDB), solicitando que intercedessem na negociação, mas não obteve resposta.

Para os trabalhadores, a postura do governo revela alinhamento com os interesses patronais. “Nosso objetivo é negociar. Vamos ver até quando o governo Helder manterá conluio com a patronal e negar a greve publicamente. Os dias da realização da COP estão se aproximando”, disse Atnágoras Lopes, da Secretaria Executiva Nacional da CSP-Conlutas, que acompanha a mobilização em Belém.

Enquanto as negociações não avançam, a greve segue paralisando obras fundamentais para o evento climático internacional, colocando em xeque a versão oficial de que o cronograma da COP30 está preservado.

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