Moradores de comunidades ribeirinhas do município de Breves, no arquipélago do Marajó (PA), estão vivenciado um novo tipo de cuidado em saúde: teleconsultas conduzidas por estudantes do internato (5º e 6º anos) da Universidade Cidade de S. Paulo (Unicid), sob supervisão de professores.
A iniciativa, resultado de uma parceria entre o Instituto Mondó e a universidade, beneficia famílias atendidas pelo programa Rede+ e leva assistência médica qualificada a territórios de difícil acesso.
As teleconsultas são realizadas com apoio técnico local e com o uso de “maletas inteligentes”, desenvolvidas pela healthtech h.ai, especializada em telemedicina ampliada. Os equipamentos foram criados para funcionar mesmo em locais sem internet e permitem a realização de até 15 exames, como eletrocardiograma, aferição de pressão, dermatoscopia, entre outros. A partir desses exames é possível identificar os casos e encaminhar os pacientes para consultas médicas online com segurança e praticidade.
O convênio entre a Unicid e o instituto foi intermediado pela ANUP (Associação Nacional das Universidades Particulares), que também é idealizadora do projeto social que atua no Marajó há cerca de cinco anos.
No início do estágio os estudantes são introduzidos ao contexto do projeto: conhecem a realidade local, aprendem sobre a prática da teleconsulta e discutem as diferenças culturais entre São Paulo e Breves. Os atendimentos são feitos em grupo, com pausas para avaliação conjunta dos casos, solicitação de exames e definição de condutas.
Entre os principais quadros clínicos observados estão dores de cabeça, nas costas, distúrbios do sono, sintomas de tristeza e ansiedade, além de hipertensão, diabetes e problemas dermatológicos. “Também surgem demandas específicas por ser uma região de floresta, com alta vulnerabilidade social. É justamente aí que entra a importância da atuação do Instituto Mondó”, afirma Juliana Nobre, médica de família, professora do internato e coordenadora da atenção primária na Unicid.
A vivência tem provocado uma transformação na formação dos alunos, que aprendem a adaptar condutas à realidade do território e desenvolvem habilidades de comunicação, empatia e flexibilidade. “Projetos como o do Instituto Mondó agregam um valor imensurável à formação dos estudantes. Eles rompem barreiras culturais e se tornam profissionais mais completos”, avalia Juliana.
Edelita Matiuci, estudante do 11º período de Medicina, foi uma das participantes do projeto. Para ela, a experiência foi profundamente gratificante e desafiadora. “O que mais me impactou foi a receptividade das pessoas, tão dispostas a buscar ajuda e compartilhar suas dores. Entendi, na prática, o poder da escuta, da empatia e do cuidado, mesmo a quilômetros de distância”, diz.
Durante os atendimentos, os alunos contam com o apoio presencial de profissionais de enfermagem, o que permite uma condução mais segura dos casos. Para Edelita, o trabalho em equipe e o uso da tecnologia foram fundamentais. “Senti que a medicina vai além do consultório. Foi um privilégio poder contribuir com o bem-estar de quem tanto precisa”, frisa.
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