URGENTE – PF desmonta corrupção de R$ 1,5 bilhão em agência de mineração

A corrupção segue firme e forte no Brasil, atravessando governos, partidos e instituições que deveriam zelar pelo interesse público. A nova operação da Polícia Federal, deflagrada nesta quarta-feira, 17, e revelada pelo Estadão, é mais uma prova de que os esquemas de favorecimento, propina e licenças fraudulentas continuam operando a todo vapor — agora com cifras que beiram o inacreditável: R$ 1,5 bilhão em lucros ilegais.

De acordo com a PF, servidores públicos de alto escalão da Agência Nacional de Mineração (ANM) e do Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan), além de órgãos estaduais de Minas Gerais, estão envolvidos em um conluio criminoso que concedia autorizações ambientais forjadas. Com isso, empresas exploravam minério de ferro em larga escala, até mesmo em áreas tombadas e de preservação, provocando danos ambientais gravíssimos e colocando comunidades inteiras sob risco de desastres sociais e humanos.

O esquema era tão estruturado que envolvia diretores em Brasília, ex-gestores da ANM e até uma ex-superintendente do Iphan em Minas, que, segundo a investigação, chegou a receber pagamentos por meio de sua própria empresa. Para completar o quadro de degradação institucional, um ex-diretor da Polícia Federal durante o governo Lula, Rodrigo de Melo Teixeira, também foi preso, acusado de atuar como administrador oculto de mineradora e de tentar interferir em investigações internas.

Os mandados da operação falam por si: 22 prisões preventivas, 79 buscas e apreensões, afastamento de servidores, bloqueio de R$ 1,5 bilhão e suspensão das empresas envolvidas. Entre os alvos, nomes de peso do setor, como Alan Cavalcante do Nascimento, Helder Adriano de Freitas e João Alberto Paixão Lages, apontados como líderes da organização criminosa e sócios de fato de mineradoras que operavam à sombra da legalidade.

Não se trata de um caso isolado. O Brasil já se acostumou a ver sucessivas operações da PF desnudando esquemas de corrupção que misturam empresários gananciosos, servidores venais e políticos cúmplices. A diferença é que, enquanto em outros países escândalos assim abalam instituições e provocam reformas profundas, por aqui tudo se repete com uma previsibilidade estarrecedora.

Compra de licenças e manipulação

O episódio deixa claro que os mecanismos de fiscalização e controle continuam permeáveis à compra de decisões. O Estadão destaca que até mesmo manifestações jurídicas dentro da ANM eram manipuladas em favor de empresas investigadas, numa inversão completa da lógica da administração pública. Quem tinha dinheiro para pagar, comprava licenças; quem resistia, via seus interesses derrotados.

A cada operação como essa, surgem duas certezas: a primeira, de que a Polícia Federal e a Justiça ainda conseguem romper parte da blindagem que protege poderosos; a segunda, mais amarga, de que o Brasil continua sendo um terreno fértil para a corrupção sistêmica. O mesmo roteiro se repete: autoridades presas, cifras milionárias desviadas, empresas suspensas, manchetes explosivas — e, algum tempo depois, absolvições, prescrições ou acordos que enterram a esperança de uma mudança real.

O escândalo da mineração é mais um retrato cru do país: a riqueza natural que deveria financiar o futuro é dilapidada por uma elite corrupta, deixando atrás de si buracos no solo, rios contaminados e uma população cética quanto à própria democracia. Se nada mudar, a frase “corrupção no Brasil” seguirá sendo menos uma denúncia e mais uma constatação histórica.

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