A Operação Hades II, deflagrada ontem, 18, pelo Grupo de Atuação Especial de Combate à Corrupção (Gaeco) do Ministério Público do Pará, teve como alvos endereços em Ananindeua e Belém, incluindo imóvel de alto padrão no bairro de Nazaré. A ação cumpriu mandados de busca e apreensão contra pessoas físicas e jurídicas ligadas ao prefeito de Ananindeua, Daniel Santos (PSB), investigado por supostas irregularidades em contratos da prefeitura.
A investigação ganhou corpo após a descoberta de um documento de compra de um imóvel de alto valor em nome de empresa ligada ao prefeito. O pagamento, segundo o MP, teria sido realizado por companhias com contratos milionários com a administração municipal. Durante depoimento, a ex-proprietária do terreno revelou que parte dos repasses foi feita em dinheiro vivo, por meio de terceiros, entre eles o empresário Danilo Linhares, dono da Ediffika Construtora, uma das empresas investigadas.
Outro indício levantado pelo Ministério Público envolve a concessão de crédito de R$ 68 mil para a compra de dois veículos, também quitados pela Ediffika. A empresa, segundo as investigações, seria beneficiada em licitações e contratos com a prefeitura.
A decisão que autorizou a operação foi assinada pelo desembargador Pedro Pinheiro Sotero, do Tribunal de Justiça do Pará, que determinou medidas cautelares contra oito pessoas e oito empresas. Além do prefeito, figuram como alvos o secretário municipal de Saneamento e Infraestrutura, Paulo Roberto Cavalleiro de Macedo, e Manoel Palheta Fernandes, integrante da Comissão Permanente de Licitações do município.
Dois dias antes da operação, em 16 de setembro, o Ministério Público havia instituído a Força-Tarefa Ananindeua, publicada no Diário Oficial do Estado, sob coordenação do procurador-geral de Justiça, Alexandre Marcus Fonseca Tourinho. A medida foi justificada pela gravidade e pela complexidade das denúncias, que apontam para a atuação de uma suposta organização criminosa enraizada nos poderes Executivo e Legislativo municipais.
O grupo de trabalho é composto pelo procurador Alexandre Tourinho e pelos promotores Arnaldo Célio da Costa Azevedo, Hélio Rubens Pinho Pereira e Harrison Henrique da Cunha Bezerra, com atuação integrada de órgãos como Polícia Federal, Receita Federal, Tribunal de Contas dos Municípios e Coaf. A missão inicial é de 180 dias, prorrogáveis, e pode resultar em denúncias criminais, ações civis públicas e medidas cautelares.
Histórico de denúncias contra a gestão
Esta não é a primeira vez que Daniel Santos enfrenta problemas com a Justiça. Em agosto de 2025, o prefeito chegou a ser afastado na primeira fase da Operação Hades, que apurava fraudes em licitações e corrupção ativa e passiva. Na ocasião, ele atribuiu as acusações a perseguição política do governador Helder Barbalho (MDB).
Dr. Daniel voltou ao cargo por decisão de Og Fernandes, ministro do Superior Tribunal de Justiça (STJ). O ministro considerou graves as acusações, mas entendeu que elas não eram motivo para tirar o prefeito do cargo ainda nessa fase de investigações.
Outra frente investiga desvios de até R$ 261 milhões no Iasep, com fraudes em aquisições de materiais hospitalares entre 2018 e 2022.
Na saúde municipal, a gestão é alvo de críticas pelo fechamento da maternidade do Hospital Anita Gerosa, sob alegação de falta de repasses, e pela inauguração inconclusa do Pronto-Socorro Municipal, em 2024. Mais recentemente, a aplicação de recursos da Política Nacional Aldir Blanc de Fomento à Cultura também passou a ser questionada.
Até o fechamento desta reportagem, a prefeitura de Ananindeua e o Ministério Público não haviam se pronunciado sobre os novos desdobramentos.
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