Proposta busca reduzir penas de golpistas presos e pode abrir caminho para abrandar condenação de Bolsonaro; Temer articula pacto com STF e governo Lula
Por Sandra Venancio
Alçado pelo deputado Hugo Motta (Republicanos-PB) à relatoria do projeto que pretende rever as penas dos condenados pelos atos golpistas de 8 de janeiro, o deputado Paulinho da Força (Solidariedade-SP) trouxe de volta à cena política dois nomes que marcaram a trajetória da direita brasileira: Michel Temer (MDB) e o próprio Jair Bolsonaro (PL).
>> Siga o canal do Jornal Local no WhatsApp
Paulinho, após dizer em Brasília que ainda não sabia se o texto poderia “salvar Bolsonaro”, embarcou para São Paulo, onde participou de um jantar na casa do ex-presidente Temer. Durante o encontro, apresentou a ideia de que o projeto poderia servir como um instrumento de “pacificação nacional”, reduzindo tensões entre extrema direita e esquerda.
Foi Temer quem sugeriu a mudança no nome e na estratégia: de “PL da Anistia” para “PL da Dosimetria”. A nova denominação indica que a proposta não extinguiria as condenações, mas buscaria reduzir as penas aplicadas, tanto dos mais de 100 golpistas ainda presos no Complexo da Papuda quanto do próprio Bolsonaro, condenado a 27 anos e 3 meses de prisão pelo Supremo Tribunal Federal.
“Evidentemente, já conversamos um pouco aqui, de como um acordo com o Supremo Tribunal Federal, com o Executivo, numa espécie de pacto republicano, digamos assim, especialmente com essa denominação de PL da Dosimetria, acho que pode produzir um resultado muito positivo”, afirmou Temer.
A fala sinaliza que o emedebista tenta se reposicionar como articulador de um “pacto republicano” envolvendo o STF e o governo Lula, em troca de um redesenho das penas impostas.
Impacto político
O movimento recoloca Temer no centro do tabuleiro, como figura capaz de dialogar tanto com bolsonaristas quanto com setores governistas. Já Paulinho da Força, que carrega histórico de pragmatismo em votações cruciais, assume papel estratégico ao conduzir um projeto que pode alterar diretamente o futuro político e jurídico de Bolsonaro.
A proposta, no entanto, deve enfrentar forte resistência no Congresso e na opinião pública, onde qualquer iniciativa que reduza as consequências do golpe de 8 de janeiro é vista como ameaça à responsabilização democrática.