A votação desta semana sobre a chamada PEC da Blindagem — proposta que dificulta a abertura de processos e prisões contra parlamentares e que já vem sendo apelidada por opositores de “PEC da Impunidade” ou “PEC da Bandidagem” — teve repercussão imediata no Pará: a deputada federal Dilvanda Faro (PT-PA) integrou o grupo de parlamentares do PT que registraram voto favorável, decisão que provocou forte reação da militância petista e de lideranças da esquerda paraense.
Em uma manifestação nas suas redes sociais, Dilvanda chamou seus críticos de “falsos moralistas que ficam falando asneiras“.
A posição de Dilvanda Faro replica o que ocorreu em Brasília: a bancada do PT ficou dividida. Matéria de análise política detalhou as justificativas públicas de parlamentares petistas que optaram pelo “sim”, muitas vezes apresentando argumentos táticos — segundo eles, para preservar espaço de negociação dentro do Congresso e assegurar a tramitação de pautas do governo — enquanto setores do partido e a base rejeitaram essa lógica e pediram coerência programática. Essa divisão interna ganhou espaço nos canais oficiais do PT e nas redes.
O que aconteceu no Congresso
No plenário da Câmara, a PEC foi aprovada com folga (344 a favor e 133 contra, no segundo turno). A proposta seguirá para o Senado, onde enfrentará resistência política e mobilização contrária nas ruas. Entre os pontos mais controversos está a previsão — já aplicada em destaques — de possibilidade de votação secreta em matérias que tratem de autorização para processos e prisões de parlamentares.
Reação imediata em Belém e nas redes
Em Belém, assim como em outras capitais brasileiras, manifestações e atos públicos contra a PEC reuniram movimentos e figuras conhecidas da esquerda neste último domingo (21). A vereadora Marinor Brito (PSOL) participou dos protestos e disparou críticas duras aos deputados que votaram a favor da medida encabeçada por parlamentares e partidos do centrão e da direita. Em entrevista ao Estado do Pará Online, Marinor classificou o alinhamento de alguns parlamentares como “rabo preso” e afirmou que o voto a favor demonstra um descolamento das bases populares que esperam defesa da democracia e combate à impunidade.
Além de Marinor, outras lideranças da esquerda paraense se manifestaram publicamente — em redes e em atos — como contrárias à proposta, argumentando que a PEC fragiliza mecanismos de accountability e amplia a sensação de impunidade no país. Organizações de juventude, sindicais e movimentos sociais participaram dos atos do dia 21 de setembro contra a aprovação da PEC.
Mesmo sem citar nomes dos deputados que votaram a favor da “PEC da Blindagem”, o ex-senador Paulo Rocha também presente no ato, pediu desculpas pelos 12 deputados petistas, que segundo ele, “traíram a posição política do PT”. “Que traíram a nossa história”, disse ao criticar os que votaram com o centrão e a direita. Paulo Rocha ainda disse que “eles merecerão qualquer castigo que o PT impuser contra eles”, seguido de um coro do público que pediu: “Expulsa!, Expulsa”.
Paulo Rocha é figura conhecida do PT no Pará, manchado pelo escândalo do “mensalão” e hoje ocupa a presidência da SUDAM — nomeado por Lula, em 2023, após tentar a reeleição ao senado e ter sido derrotado previamente, na disputa interna do partido, por Beto Faro, que foi o indicado a candidato pelo PT-PA e acabou sendo eleito senador, em uma dobradinha com o governador Helder Barbalho (MDB).
Falas destacadas (o que se apurou publicamente).
- Marco Nanini, ator de passagem em Belém, conhecido pelo seu personagem Lineu, de “A Grande Família”, esteve na Praça da República e participou do ato em protesto contra a aprovação da chamada PEC da Impunidade, que limita investigações contra parlamentares ao exigir autorização prévia da Câmara ou do Senado, e também contra o PL da Anistia aos envolvidos nos atos golpistas de 8 de janeiro de 2023. “Sem anistia”, bradou. No fim de sua peça, “O infiel”, o público presente no Teatro
- Lideranças da esquerda paraense (coletivo/Movimentos): presença no ato realizado no centro de Belém, publicações em redes e notas públicas classificando a PEC como retrocesso democrático e apelando por maior unidade na oposição à proposta nas bancadas estaduais e federais. (várias postagens e coberturas locais registraram atos de rua e manifestações nas redes).
Comentários nas redes sociais (amostras e tom)
Nas redes sociais o tom predominante entre perfis de militância e influenciadores de esquerda foi de indignação e de acusação de incoerência política. Postagens de repercussão incluíram:
- publicações de parlamentares e lideranças do PSOL e de movimentos que classificaram a PEC como “impunidade institucionalizada” e convocaram atos;
- mensagens de petistas críticos nas timelines locais que cobraram posicionamento das estruturas do partido no Pará;
- em fóruns públicos (Facebook X, Threads e Instagram), houve mistura de análise política (denúncia da manobra do voto secreto) e indignação moral, com muitos comentários pedindo prestação de contas aos eleitores do Pará.
Contexto final — por que repercute tanto no Pará
A polarização em torno da PEC toca um ponto sensível para partidos e movimentos que construíram narrativa contra a corrupção: quando parlamentares de esquerda apoiam medidas vistas como protetivas para políticos investigados, a reação da base costuma ser imediata. No Pará, com figuras como Marinor Brito — que têm forte apelo entre setores mobilizados da esquerda — o episódio ganha corpo tanto nas ruas quanto nas redes, pressionando por explicações públicas e reclamando coerência política.
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