O juiz descreveu a conduta do assassino fujão como marcada por “dolo intenso, crueldade no agir e desprezo pela vida humana”.
Um fato inusitado e, ao mesmo tempo, preocupante marcou a Justiça do Ceará nesta semana: um homem condenado por homicídio qualificado simplesmente fugiu do Fórum Clóvis Beviláqua, em Fortaleza, logo após receber a sentença. A cena parece saída de um roteiro de ficção, mas aconteceu na vida real, revelando falhas graves no sistema de segurança que deveria impedir episódios desse tipo.
O protagonista dessa fuga é Sandro Carlos Rodrigues, conhecido como “Sandro do Paredão”, acusado de matar o próprio amigo, Antônio Jonas de Araújo Chaves, o “Jonas Arnôr”, de 30 anos, durante uma discussão por paredões de som, em dezembro de 2022, no município de Ararendá.
O júri popular o condenou a 15 anos, 5 meses e 7 dias de prisão em regime fechado. No entanto, antes mesmo da leitura da sentença, Sandro deixou o plenário discretamente, no momento em que os jurados foram para a sala secreta deliberar sobre o veredito. Quando a decisão foi anunciada, ele já havia desaparecido.
Na própria decisão, o juiz de Direito registrou que, embora o réu tivesse saído de forma sorrateira, considerava-o devidamente intimado, assim como sua defesa e a acusação. O detalhe, porém, não muda a situação: Sandro está foragido e um mandado de prisão foi expedido. A Secretaria da Administração Penitenciária (SAP) foi questionada sobre as circunstâncias da fuga, mas não respondeu até agora.
O julgamento e o crime
O caso foi transferido de Crateús para Fortaleza por meio do recurso de desaforamento, justamente porque havia receio de que o julgamento em Ararendá não fosse imparcial nem seguro. O Conselho de Sentença reconheceu agravantes como o motivo fútil e o uso de recurso que dificultou a defesa da vítima.
Segundo a sentença, Sandro surpreendeu o amigo com quem estava momentos antes se divertindo, disparou contra ele e ainda apontou a arma para uma testemunha que tentou prestar socorro. O juiz descreveu a conduta como marcada por “dolo intenso, crueldade no agir e desprezo pela vida humana”.
Preso preventivamente entre dezembro de 2022 e maio de 2025, Sandro conseguiu a liberdade provisória até o julgamento, mas agora volta a ser considerado perigoso foragido. A vítima era filho do vereador de Ararendá, Antônio Simião Chaves, o “Cabilouro”, cuja família cobra a imediata captura do condenado para que a pena seja, de fato, cumprida.
Como se vê, foi exposta a fragilidade de segurança no próprio fórum, abre um debate inevitável: como é possível que um réu presente no julgamento por homicídio consiga escapar antes mesmo de ouvir sua condenação?
Esse buraco no sistema, além de constranger a Justiça, coloca em risco a própria sociedade.
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