Arábia Saudita diz que Trump compreende riscos de anexação da Cisjordânia

O ministro das Relações Exteriores da Arábia Saudita, príncipe Faisal bin Farhan Al-Saud, disse na 5ª feira (25.set.2025) que Donald Trump (Partido Republicano) “entende muito bem” os perigos de uma possível anexação da Cisjordânia por Israel. A declaração foi feita depois que líderes árabes e muçulmanos alertaram o presidente norte-americano sobre as consequências dessa ação.

Trump e representantes de países árabes e muçulmanos se encontraram na 3ª feira (23.set.2025), na sede da ONU (Organização das Nações Unidas), durante a Assembleia Geral. Participaram da reunião autoridades da Arábia Saudita, Emirados Árabes Unidos, Catar, Egito, Jordânia, Turquia, Indonésia e Paquistão para discutir o conflito em Gaza.

“Os países árabes e muçulmanos deixaram muito claro ao presidente o perigo de qualquer tipo de anexação na Cisjordânia e o risco que isso representa, não apenas para a possibilidade de paz em Gaza, mas também para qualquer paz sustentável”, afirmou bin Farhan a jornalistas na ONU.

A preocupação com a anexação surgiu quando o Ministro da Segurança Nacional de Israel, Itamar Ben-Gvir, anunciou que irá propor ao gabinete israelense a aplicação de soberania sobre a Cisjordânia ocupada, território conquistado durante a guerra árabe-israelense de 1967.

“E me sinto confiante de que o presidente Trump entendeu a posição dos países árabes e muçulmanos, e acho que o presidente dos EUA compreende muito bem os riscos e perigos da anexação na Cisjordânia”, o ministro saudita acrescentou.

De acordo com a agência de notícias Reuters, Trump disse a jornalistas no Salão Oval que “Não permitirei que Israel anexe a Cisjordânia”.

Trump apresentou um plano de paz de 21 pontos para o Oriente Médio, incluindo Gaza, conforme informou na 4ª feira (24.set.2025) o enviado especial dos EUA, Steve Witkoff, sem detalhar as propostas. O presidente norte-americano se reunirá com o primeiro-ministro israelense Benjamin Netanyahu em Washington na 2ª feira (30.set.2025).

A Assembleia Geral da ONU, com 193 integrantes, endossou este mês uma declaração de 7 páginas que busca avançar uma solução de 2 Estados para israelenses e palestinos e encerrar a guerra em Gaza. O documento resultou de uma conferência internacional realizada na ONU em julho, organizada pela Arábia Saudita e França. Os Estados Unidos e Israel não participaram do evento e rejeitaram essas iniciativas.

“As propostas dos EUA se concentram em encontrar um fim para a guerra em Gaza, o que obviamente precisa ser nossa prioridade imediata. E estamos muito engajados com os EUA, e somos muito gratos que os EUA estejam focados em acabar com a guerra em Gaza e encontrar um fim para o sofrimento lá”, disse bin Farhan.

O ministro saudita destacou que o fim da guerra em Gaza é “um pré-requisito para avançar na questão da criação de um Estado palestino”. “Então, eu acho que as duas questões são complementares”, afirmou, referindo-se ao plano de paz de Trump e à declaração apoiada pela ONU.