As conexões políticas secretas do “Careca do INSS”

As conexões políticas secretas do “Careca do INSS”
A oitiva de Antônio Carlos Camilo Antunes, o “Careca do INSS”, na quinta-feira (25), na Comissão Parlamentar Mista de Inquérito (CPMI) do Instituto Nacional do Seguro Social (INSS) tentou retirar o véu secreto que encobre as conexões políticas do lobista e revelar os caminhos e envolvidos na roubalheira bilionária aplicada contra aposentados e pensionistas do INSS. Mas, essa apuração continua opaca.

Davi Alcolumbre e Weverton Rocha
As perguntas não respondidas formuladas pelo Relator da CPMI, deputado e ex-procurador-geral do Estado de Alagoas Alfredo Gaspar (União), mesmo partido de Alcolumbre, ao “Careca do INSS”, precisam ser respondidas, como não foram, uma sensação de bandalheira e conluio tomou conta do ar pesado que circulou ontem no Plenário 2, na Ala Nilo Coelho, onde foi realizada a 11ª Reunião da CPMI.

Sigilo de 100 anos
O líder do PDT no Senado, Weverton Rocha (PDT-MA), tem a obrigação de vir a público e ele mesmo responder aos questionamentos que estão envolvendo o seu nome. Mesma obrigação ética e moral cabe ao presidente do Senado e do Congresso Nacional, senador Davi Alcolumbre (UNIÃO-AP), que estranhamente, defendeu como uma onça, que não vai retirar o sigilo dos passos do Careca do INSS pelos grossos tapetes azuis e placas de mármore luxuoso que registraram os caminhos das suspeitas visitas nos amplos gabinetes de senadores que, por enquanto, estão protegidos pelo sigilo imposto de 100 anos, a essa informação.

Gratidão e esquecimento
O silêncio é sócio da ingratidão, é cruel, um tapa na cara, uma rasteira, um golpe de Kung Fu nos eleitores dos Estados que elegeram esses dois políticos. Mas, não se enganem, a maioria desses próprios eleitores, sequer se lembram em quem votaram na eleição passada.

Caveiras e o tempo
Há mais senadores que receberam o “Careca do INSS” para um cafezinho? Se depender de Alcolumbre, quando todos nós virarmos caveiras, afinal, um século é tempo pra chuchu, talvez o mistério seja elucidado. Na, Câmara, diferente do Senado, essa informação não tem esse obstáculo repulsivo, e os analistas técnicos da CPMI, já estão analisando os registros.

Uma premissa conta com uma aposta
Se os dois senadores partem da premissa que nesse momento é melhor ficarem calados, a aposta está errada. Se assim insistirem em agir, ambos não merecem exercer a procuração dada pelos respectivos eleitores. A aposta em ficar calado, é o pior caminho a ser adotado, e o tempo dirá.

Relator da CPMI, Alfredo Gaspar (União-AL), exibe foto comprometedora de reunião do “Careca” no Ministério da Previdência Social. Foto: Edilson Rodrigues/Ag. Senado

As perguntas que não querem calar:
Ao Careca do INNS sobre o senador Weverton Rocha – Líder do PDT no Senado
Autor da pergunta:
Relator da CPMI Alfredo Gaspar (União-AL).
O senhor esteve em quatro oportunidades registradas com o senador Weverton Rocha. Qual o assunto de interesse público tratado com o senador Weverton Rocha?

Quantas vezes o senhor pisou no tapete do Congresso Nacional e quais gabinetes o acolheram com tanto carinho e respeito?

Resposta: Sem resposta.

Ao Careca do INNS sobre o senador Weverton Rocha – Líder do PDT no Senado e ao presidente do Senado, Davi Alcolumbre (UNIÃO-AP)
Autor da pergunta: Relator da CPMI Alfredo Gaspar (União-AL).
O advogado Paulo Boudens, aqui do Senado da República (ex-Chefe de Gabinete e indicado por Alcolumbre como Conselheiro Político do Senado, com salário de R$ 31 mil por mês) recebeu R$ 3 milhões de dinheiro repassado pelo senhor? Qual a sua relação com o advogado Paulo Boudens? O senhor foi recebido por Paulo Boudens aqui no Senado da República? Quais os gabinetes, fora o gabinete do Senador Weverton Rocha, em que o senhor andou sendo recebido aqui no Parlamento brasileiro?

Resposta: Sem resposta.

Autor da pergunta: Relator da CPMI Alfredo Gaspar (União-AL).
O senhor repassou para o Sr. Silvio Preto R$100 mil. Está aqui na reportagem (Estadão) que foi utilizado para comprar o jet ski. Para quem foi comprado esse jet ski no Maranhão?

Quem lhe garantiu que o senhor não ia ser preso? Foi esta Comissão – esta Comissão – que, nas suas primeiras reuniões, pediu a sua prisão.

Quantas vezes foi dada ao senhor a garantia de proteção integral, inclusive da sua não prisão? Quantas vezes o senhor se confiou nos padrinhos poderosos, pensando que a impunidade ia ser a marca da sua vida?

Resposta: Sem resposta.

Careca do INSS, se recusou a responder as perguntas do deputado Marcel van Hattem (Novo-RS). Foto: Geraldo Magela/Ag, Senado

Autor da pergunta: Deputado Marcel Van Hattem (NOVO-RS).
Agora, eu faço questão de falar sobre essa desconfiança, porque ontem o Senador Eduardo Girão fez uma cobrança muito correta à Presidência do Senado da República, de que tomasse providências em relação ao Sr. Paulo Boudens, que foi chefe de gabinete do Senador Davi Alcolumbre e que, acabou de ser revelado na imprensa, recebeu R$3 milhões da Arpar, uma das entidades investigadas; que, por sua vez, recebeu R$49 milhões…das “empresas”, entre aspas – gosto sempre de dizer isso -, do Careca. E hoje esse senhor, Paulo Boudens, que já esteve envolvido e assumiu o caso de rachadinha no passado, está ganhando no Senado um cargo aí, tendo um cargo de R$31 mil por mês.

Então, Sr. Presidente, eu quero aqui fazer coro ao pedido do Deputado Carlos Jordy, que fez o pedido de quebra de sigilo, para que a gente possa votar isso na próxima oportunidade. E também estranho, assim já concluindo, que no dia de ontem a Liderança do Governo no Senado tenha se pronunciado favoravelmente à manutenção – não tem outra interpretação possível – do Paulo Boudens no cargo que está, porque estaria sendo feita uma injustiça contra ele se fosse retirado desse cargo, do conselho político do Senado, indicado por Davi Alcolumbre, recebendo R$31 mil por mês. Repito: uma pessoa que recebeu R$3 milhões de uma entidade fantasma, que recebeu, por sua vez, R$49 milhões de empresa do Careca.

Mais a frente, o deputado gaúcho volta a carga: “(…) E em relação ao Sr. Paulo Boudens, tenho certeza de que o nexo causal será muito bem delimitado e delineado para a gente votar na próxima sessão”, antecipou Hattem.

Resposta: Sem resposta.

O eleitor exige resposta
Como dito, é imperioso os dois senadores virem a público e explicarem as suspeitas que ligam aos seus nomes. É o mínimo a fazer em respeito aos eleitores que lhes deram o emprego.
Caso contrário, serão demitidos e os contratos de emprego não serão renovados. O prazo é outubro do ano que vem.

Val-André Mutran é repórter especial para o Portal Ver-o-Fato e está sediado em Brasília.
 
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