Proposta inspira-se em Kosovo e Timor-Leste, mas gera resistência palestina pela trajetória do ex-premiê britânico
Por Sandra Venancio – Foto Reprodução Facebook
A Casa Branca está apoiando um plano que prevê a nomeação do ex-primeiro-ministro britânico Tony Blair para chefiar uma administração temporária da Faixa de Gaza, sem envolvimento imediato da Autoridade Palestina (AP), de acordo com informações publicadas por veículos israelenses.
O modelo é inspirado em experiências internacionais de transição à independência, como as missões em Timor-Leste e Kosovo. A administração teria inicialmente sede em el-Arish, no Egito, próximo à fronteira sul de Gaza, e só depois se instalaria no território palestino, acompanhada de uma força multinacional sob respaldo da ONU, formada em grande parte por países árabes.
Segundo a proposta, Blair comandaria uma secretaria de até 25 pessoas e presidiria um conselho de sete membros, responsável por supervisionar a administração executiva do território. A ideia é que, em etapas futuras, Gaza seja unificada à Cisjordânia sob uma Autoridade Palestina reformada, após eleições.
Apesar da experiência de Blair como enviado do Quarteto para o Oriente Médio entre 2007 e 2015, sua nomeação é vista como altamente controversa. Muitos palestinos o acusam de ter travado negociações por um Estado palestino e sua imagem na região continua marcada pelo apoio à invasão do Iraque em 2003.
O plano americano surge poucos dias depois de a Assembleia Geral da ONU ter apoiado a criação de uma administração tecnocrática de um ano em Gaza, com transferência gradual de poder à AP. No entanto, a ausência de um cronograma claro na proposta impulsionada por Washington levanta dúvidas sobre a aceitação por parte de líderes árabes e palestinos.
A nova estrutura administrativa teria conselheiros internacionais, representantes palestinos e supervisores de áreas como reconstrução, segurança, legislação e direitos de propriedade. O objetivo declarado seria garantir estabilidade, com monitoramento internacional e participação limitada de autoridades palestinas locais.
O presidente da AP, Mahmoud Abbas, reiterou que Gaza faz parte integrante do Estado da Palestina e que o Hamas não terá papel na governança pós-guerra. Já o presidente norte-americano Donald Trump, em pronunciamento na Casa Branca, afirmou que não permitirá que Israel avance sobre a Cisjordânia.