O ministro do Turismo, Celso Sabino, acabou cedendo à pressão política do União Brasil e entregou nesta sexta-feira (26) sua carta de demissão ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT). A decisão simboliza mais um capítulo da crise entre o partido e o governo federal. Apesar do pedido de saída, Lula pediu que Sabino permaneça no cargo até a próxima sexta-feira (3), acompanhando-o em viagem ao Pará.
“Entreguei ao presidente a minha carta e o meu pedido de saída do Ministério do Turismo, cumprindo a decisão do meu partido. O presidente pediu que eu acompanhasse nessa missão na cidade de Belém, e assim nós vamos estar. Vou como ministro ainda”, disse Sabino.
Nos bastidores do Planalto, a leitura é de que Lula tenta ganhar tempo. A ideia seria dar um “respiro” ao ministro para que ele continue negociando dentro do União Brasil, buscando reverter a decisão partidária que determinou sua saída. Nem Lula nem Sabino demonstram interesse real na demissão, mas a pressão do partido – que, ao lado do PP, anunciou o desembarque da base governista – é cada vez mais intensa.
Ao comentar sua saída, Sabino reforçou a necessidade de diálogo: “Homens públicos devem querer e trabalhar juntos pelo bem do País”. Ele ainda sinalizou disposição em permanecer: “A minha vontade é clara, é continuar o trabalho que a gente vem fazendo. O presidente assinou com essa possibilidade de ampliar o diálogo junto com o União Brasil, para que possamos ver como será a cena dos próximos capítulos”.
A permanência temporária coincide com a viagem presidencial ao Pará. No dia 2 de outubro, Lula visitará a Ilha do Marajó, onde inaugurará creches e escolas de educação infantil. No dia seguinte, estará em Belém para inspecionar obras de infraestrutura voltadas para a COP30, evento climático que a capital paraense sediará em 2025.
Antes de oficializar a entrega da carta, Sabino apresentou um balanço da sua gestão. Ele destacou o crescimento do turismo internacional no Brasil, afirmando que o país já ultrapassou a marca inédita de 7 milhões de visitantes estrangeiros neste ano. A expectativa, segundo o ministro, é encerrar 2025 com mais de 10 milhões de turistas estrangeiros.
Refém do Centrão
O caso evidencia o quanto o governo Lula continua refém da dinâmica de negociações com os partidos do chamado “centrão”. A permanência ou saída de ministros deixa de ser uma questão de desempenho e passa a depender quase exclusivamente de arranjos partidários. A gestão de Sabino no Turismo apresenta números positivos, mas mesmo assim ele se vê obrigado a sair por pressão do União Brasil.
A crise também revela uma contradição: ao mesmo tempo em que Lula aposta no diálogo e tenta evitar a ruptura, o partido sinaliza cada vez mais seu afastamento da base. Essa disputa é um retrato da fragilidade política do governo, que precisa administrar constantemente as alianças para não perder sustentação no Congresso.
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