O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) afirmou nesta 2ª feira (29.set.2025) que o impeachment contra a ex-presidenta Dilma Rousseff (PT) em 2016 não só atingiu a democracia, mas também buscou silenciar as mulheres.
“O golpe contra a Dilma não foi só contra a democracia. Foi também a tentativa de calar milhões de vozes femininas porque o autoritarismo não apenas odeia, ele teme as mulheres”, disse Lula, na abertura da 5ª CNPM (Conferência Nacional de Políticas para as Mulheres), em Brasília (DF).
Dilma se pronunciou por vídeo de seu local de trabalho, na China. Ela saudou a ministra das Mulheres, Márcia Lopes, e afirmou que a retomada do evento representa uma superação de um “período de retrocessos e violência política”. “É mais do que debate, é a expressão viva da democracia participativa“, disse.
O evento, que vai até 4ª feira (1º.out), reúne cerca de 4.000 participantes e marca a retomada das conferências após 9 anos. A última edição foi em 2016, no contexto do impeachment da ex-presidenta Dilma Rousseff (PT).
Lula citou iniciativas de sua gestão, como a criação do Ministério das Mulheres, o Programa de Dignidade Menstrual e leis de combate ao feminicídio, e ressaltou que esses avanços foram resultado direto da mobilização social: “Nada disso nasce de geração espontânea. Vocês nunca receberam nada de mão beijada. Toda conquista é fruto de muita luta.”
Em tom pessoal, Lula agradeceu à primeira-dama Janja Lula da Silva pela parceria, afirmando que encontrou nela “uma nova oportunidade de amor” após a morte de Marisa Letícia.
Disse ainda que pretende levá-la a um encontro com o presidente dos Estados Unidos Donald Trump (Partido Republicano): “Quando eu for conversar com Trump, eu vou levar ela. Quero que ele veja.” Também citou sua 1ª mulher, Maria de Lourdes. Agradeceu a todas.
Encerrou seu discurso afirmando que “Marielle vive entre nós”, em referência à vereadora assassinada em 2018. A ministra da Igualdade racial, Anielle Franco, –irmã de Marielle– estava entre as autoridades presentes no palco. Lula disse que “o futuro da humanidade é feminino” e que “mais cedo ou mais tarde, as mulheres estarão governando o mundo”.
A plateia, formada quase exclusivamente por mulheres, entoou o grito “sem anistia” durante o evento. O Hino Nacional foi executado por uma voz feminina.
Também nesta 2ª feira (29.set), o presidente sancionou leis voltadas a políticas sociais e à proteção das mulheres:
- PL 1086 de 2024 – Cria a Semana Nacional de Conscientização sobre o Cuidado com Gestantes e Mães, a ser realizada anualmente para promover ações de apoio à saúde materna, prevenção de complicações na gravidez e valorização da maternidade;
- Lei nº 853 de 2025 – Institui campanhas e programas permanentes de conscientização sobre os direitos das gestantes e fortalece políticas públicas voltadas ao cuidado na primeira infância;
- Lei nº 15.220 de 2025 – Cria o Sistema Nacional de Informação sobre o Desenvolvimento Integral da Primeira Infância. A medida altera o Marco Legal da Primeira Infância (Lei nº 13.257 de 2016) para incluir mecanismos de monitoramento e coleta de dados em saúde, educação, assistência social e proteção, permitindo diagnósticos mais precisos sobre a oferta de serviços como creches e unidades de saúde.
Também participaram da cerimônia as seguintes autoridades:
- Edinho Silva (presidente do PT);
- Cida Gonçalves (PT), ex-ministra das Mulheres;
- Benedita da Silva (PT-RJ), deputada;
- Teresa Leitão (PT-PE),
- Raquel Lyra (PSD-PE), governadora;
- Fátima Bezerra (PT-RN), governador;
- Jerônimo Rodrigues (PT-BA), governador;
- João Azevêdo (PSB-PB), governador;
- Janja (primeira-dama);
- Simone Tebet (MDB), ministra de orçamento e planejamento;
- Esther Dweck, ministra de Inovação em Serviços Públicos;
- Marina Silva (Rede), ministra do Meio Ambiente e Clima;
- Anielle Franco, ministra da Igualdade Racial;
- Macaé Evaristo, ministra dos Direitos Humanos e Cidadania;
- Sônia Guajajara (PSOL), ministra dos Povos Indígenas;
- Sônia Faustino, secretária-executiva do Ministério das Comunicações;
- Gleisi Hoffmann (PT), ministra das Relações Institucionais;
- Camilo Santana, ministro da Educação;
- Waldez Góes, ministro da Previdência Social;
- André de Paula (PSD), ministro da pesca;
- e Márcio Macêdo (PT), ministro da secretaria-geral da Presidência da República.