Mães e alunos protestam contra assédio em escola de Ananindeua

Mães e estudantes da Escola Municipal de Ensino Fundamental (EMEF) Benedito Maia, em Ananindeua, protestaram, na manhã desta segunda-feira (29), contra os possíveis casos de assédio sexual e moral denunciados na instituição. Cartazes pedindo justiça, o afastamento do diretor da escola e o retorno da professora Liane Pinheiro Farias marcaram a mobilização, que também contou com o apoio do Sindicato dos Trabalhadores e Trabalhadoras da Educação Pública de Ananindeua (Sintepp – Subsede Ananindeua). O O Liberal também publicou a matéria.

Protesto dentro e fora da escola

Do lado de fora da escola, mães exigiam medidas contra a gestão e reforçavam a defesa da professora Liane, que teria ajudado a denunciar um caso de assédio sexual cometido por um professor de língua portuguesa e redação contra uma aluna. Dentro do prédio, alunos e alunas se uniram ao ato e gritavam em coro: “fora diretor!”.

Segundo os manifestantes, há uma tentativa de censura para impedir que o assunto seja discutido dentro da instituição.

Voz das mães

Entre as manifestantes, a comerciante Ione Gomes, de 41 anos, demonstrou indignação com o afastamento da professora Liane.

“Me sinto revoltada, primeiramente porque foi uma professora que junto aos outros tomaram a atitude que era para o diretor ter tomado de alertar os nossos alunos e proteger. Foi uma coisa que ele não fez. E como que afasta professores que acolheram os estudantes? Os professores que cuidaram até hoje dos nossos filhos? O quê é isso? O diretor é aquele que acolheu um assediador novamente dentro da escola, por que não afastar aquele que ocultou informações dos pais?”, questionou.

Ione também destacou o sentimento de insegurança vivido pelos pais:

“O sentimento é de insegurança. A gente não se sente mais seguro com os nossos filhos aí dentro da escola, sendo que esse diretor abafou o caso. O primeiro caso ocorreu em 2023. Acredito que era direito nosso saber, de tudo o que acontece dentro da escola”, detalhou.

Apoio do sindicato

De acordo com Ligia Carla, coordenadora de formação do Sinttep, professores relataram ameaças e assédio moral após denunciarem o caso.

“Infelizmente, a Semed [Secretaria Municipal de Educação de Ananindeua] na pessoa do diretor da escola está agindo dessa forma. Hoje, estamos aqui em defesa dessa professora, que está sofrendo perseguição. É um absurdo que a professora esteja sofrendo perseguição política, as pessoas se sentem acuadas, dentro da escola”, afirmou.

O dirigente sindical Luckacks Rafalski reforçou que a docente deveria ter sido protegida:

“A professora não merece ser punida, ela atuou em defesa das crianças para preservar a integridade das crianças da Escola Benedito Maia. Ela atuou contra os abusos aos estudantes. Agora está respondendo a uma sindicância que pode culminar na sua demissão”, disse.

Afastamentos e sindicância

O professor acusado de assédio foi removido da escola após as denúncias. No entanto, a Secretaria Municipal de Educação (Semed) também abriu sindicância contra a professora Liane Pereira Soares, acusada de ter repassado aos alunos informações sobre o caso. Ela foi afastada por 60 dias e poderá responder a um Processo Administrativo Disciplinar (PAD), com risco de demissão.

A mãe Samara Rocha, que tem uma filha no sétimo ano, disse que o diretor teria ameaçado estudantes para que não comentassem o caso:

“Eles estavam sofrendo ameaças. Ele dizia que ia expulsar os alunos da escola”, relatou.

Sobre a professora, Samara foi categórica:

“Eu achei uma injustiça ele ter mandado afastar a Liane, que é uma ótima professora. Todos os alunos gostam dela e ela foi a que mais acolheu esses meninos”, afirmou.

Ações da Semed

Durante o protesto, um técnico da secretaria, acompanhado de advogados da Semed, esteve no local e tentou dialogar com pais e representantes do Sinttep, explicando as medidas tomadas até o momento.

A reportagem do Grupo Liberal solicitou manifestação oficial da Semed, que segue com espaço aberto para esclarecimentos.

Histórico do professor acusado

O professor denunciado foi afastado em 17 de setembro, pela segunda vez, acusado de tentar beijar uma aluna de 13 anos no rosto e segurá-la pela cintura. O caso teria ocorrido no dia 15 e está sob investigação da Divisão de Atendimento à Criança e ao Adolescente (Deaca) da Polícia Civil, em sigilo.

Essa não foi a primeira denúncia. Em 2023, o mesmo professor já havia sido afastado por acusações de assédio contra outra aluna de 13 anos, com supostos prints de mensagens apresentados pela mãe da vítima. Na época, ele foi removido, mas retornou às atividades em agosto de 2025, após o arquivamento do caso pela Semed.

Prefeitura e Polícia

Na semana passada, a Prefeitura de Ananindeua afirmou, em nota, que tomou “todas as providências cabíveis” diante da denúncia mais recente e confirmou a instauração de sindicância para apurar rigorosamente os fatos.

Já a Polícia Civil declarou que as investigações seguem em sigilo.

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